Principal causa de mortalidade por câncer em mulheres brasileiras, o câncer de mama volta a ocupar os debates científicos e populares sobre prevenção e conscientização em meio à campanha mundial ‘Outubro Rosa’. Este ano, no Brasil, o tema do movimento é “Quanto antes melhor”, lançado pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). A ideia é chamar a atenção das mulheres para a adoção de um estilo de vida saudável no dia a dia, com a prática de atividades físicas e alimentação saudável para evitar doenças. De acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), mais de 66 mil casos novos de câncer de mama estão previstos para cada ano entre 2020 e 2022. Anualmente são descobertos cerca de 2 milhões de casos no mundo, com 450 mil mortes.
A maior arma contra a doença continua sendo o diagnóstico precoce. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS). Quando diagnosticada na fase inicial, as chances de cura chegam a 95%. Para isso, as mulheres precisam ter acesso a exames de mamografia na rede pública de saúde, acesso à cirurgia, além de dispor de tratamentos quimioterápicos eficazes.
Neste cenário, é substancial a contribuição das pesquisas clínicas no avanço das possibilidades de tratamento e na qualidade de vida dos pacientes. O Centro de Estudo e Pesquisa em Hematologia e Oncologia (CEPHO) do Centro Universitário Saúde ABC / Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), em Santo André, conduz desde 1996 inúmeros estudos clínicos que culminaram com a incorporação de novas drogas à prática clínica e que ampliaram o êxito na luta contra o câncer. Os pacientes, a grande maioria proveniente do Sistema Único de Saúde (SUS), obtém acesso a estas drogas sem nenhum custo e muitos deles estão vivos até hoje em decorrência do tratamento recebido.
Com o avanço na pesquisa científica, a Medicina tem desenvolvido inúmeros tratamentos eficazes e bem tolerados que, se não aumentam a chance de cura, permitem que os pacientes vivam cada vez mais e melhor. A magnitude dessas descobertas, inclusive, foi recentemente evidenciada com o Prêmio Nobel de Medicina de 2018 para os imunologistas James P. Allison e Tasuku Honjo, responsáveis pelo desenvolvimento da Imunoterapia, que mudou radicalmente a forma de tratamento do câncer.
“A pesquisa clínica determina o futuro da Medicina e, na Oncologia, não é diferente. Os ensaios clínicos conduzidos em todo o mundo produzem dados científicos para melhor tratarmos nossos pacientes, manejarmos toxicidades e agregarmos sobrevida com qualidade de vida. No Brasil, a pesquisa clínica vem crescendo e ganhando corpo aos poucos. A cultura de participar de um estudo clínico ainda não é totalmente difundida entre os pacientes, o medo e o preconceito ainda ocupam um espaço significativo. Entretanto, cabe a nós, médicos, esclarecermos nossa população sobre os preceitos éticos envolvidos e sobre os benefícios relevantes que podem ser atingidos”, explica a oncologista assistente da disciplina de Oncologia da FMABC e coordenadora do Serviço de Oncologia do Hospital Estadual Mário Covas de Santo André, Dra. Patrícia Santi, que completa: “A pesquisa clínica pode ser o caminho para o acesso a novos tratamentos indisponíveis no nosso meio, ao aumento da sobrevida dos nossos pacientes e, quem sabe, à cura”.
CÂNCER DE MAMA
De acordo com o INCA e o Ministério da Saúde, os principais sinais e sintomas do câncer de mama são: caroço (nódulo) geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou nas axilas.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) recomendam a mamografia anual para as mulheres a partir dos 40 anos de idade, com foco no diagnóstico precoce e na redução dos índices de mortalidade.
O MOVIMENTO
A campanha ‘Outubro Rosa’ nasceu nos Estados Unidos e é celebrada anualmente em centenas de países com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade. O nome remete à cor do laço rosa que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população, empresas e entidades.
O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, no Brasil e no mundo, e corresponde a cerca de 25% dos casos novos de câncer a cada ano. Esse percentual é de 29% entre as brasileiras. A doença resulta de uma multiplicação incontrolável de células anormais, que surgem a partir de alterações genéticas hereditárias ou adquiridas. Alguns casos surgem de forma rápida e agressiva, enquanto grande parte tem evolução favorável se diagnosticado e tratado em tempo adequado.