Um balanço divulgado pelo Ministério das Comunicações prevê que ainda no primeiro semestre deste ano será concluído no país o leilão do 5G . Segundo o presidente da Anatel, Leonardo Euler de Morais, esse deverá ser o maior leilão de direito de uso de radiofrequência da história do Brasil. “Estamos trabalhando com uma abordagem que privilegia compromissos de investimento em detrimento de uma abordagem meramente arrecadatória. O Brasil ainda tem lacunas de infraestrutura de telecomunicações, seja na parte de acesso, seja na parte de transporte, que precisam ser preenchidas”.
A expectativa é de que a quinta geração da internet móvel revolucione o segmento de redes e comunicações, fornecendo taxas de transmissão ultrarrápidas – que podem ser 20 vezes mais rápidas que o 4G atual. Além da velocidade incomparável, também haverá ganhos relevantes em termos de conectividade e qualidade da comunicação em rede – além de poder conectar massivamente um número significativo de aparelhos ao mesmo tempo.
De acordo com o Mobility Report, da Ericsson, haverá mais de um bilhão de assinaturas 5G para banda larga móvel até 2023. Isso significa que o tráfego de dados móveis deve aumentar oito vezes nesse período. Na opinião de Adriano Filadoro, diretor-presidente da Online Data Cloud, a tecnologia 5G deve começar a ser implantada primeiro em áreas urbanas de maior densidade e que apresentam uma banda larga móvel mais aprimorada.
“Várias indústrias vão se beneficiar com o que o 5G tem a oferecer, desde que seus players estejam alinhados com esses avanços. De pronto, o 5G não é para todos, mas para quem já se preparou nos últimos anos. Do setor de saúde à indústria automotiva, de residências inteligentes a cidades inteligentes etc. O fato é que os recursos do 5G vão interferir definitivamente no cenário atual, permitindo vários aplicativos com os quais o 4G não conseguia lidar”, diz o executivo.
Filadoro também acredita que a tecnologia 5G é mais do que bem-vinda para setores dependentes da nuvem – além das próprias indústrias desse mercado. “Se a pandemia acelerou bastante o investimento nos negócios em nuvem através de sua ampla utilização para diversas inovações, com o 5G isso será bastante potencializado. Vamos ter um aumento impactante de serviços em nuvem”.
O novo potencial de comunicação abre vários caminhos – e por que não dizer grandes avenidas – para as empresas. Esse ganho tecnológico é o que estava faltando, por exemplo, para impulsionar a Internet das Coisas (IoT). “A combinação das tecnologias de 5G celular e nuvem proporcionará uma riqueza substancial em capacidade, flexibilidade e funcionalidade às ofertas de serviços de IoT. Isso ajudará as empresas a combinar novas fontes de dados com as já tradicionais, examinando informações em tempo real. Esse tipo de iniciativa permite fazer novas correlações de dados e é fundamental para questionar o pensamento institucional, além de agilizar mudanças”, diz o diretor-presidente da Online Data Cloud.
Na opinião de Filadoro, quando se trata de Internet das Coisas para uso Industrial (IIoT), como gerenciamento da cadeia de suprimentos e processos de manufatura, ser capaz de processar e analisar a enorme quantidade de dados em tempo real é crucial para obter informações valiosas – usadas como vantagem competitiva no gerenciamento de custo e eficiência. O 5G tem potencial para reduzir o custo da análise de Big Data e torná-lo ainda mais eficaz, dada a natureza remota e variável dessas cargas de trabalho.
“A maior parte dos provedores de serviços de computação em nuvem já conta com a infraestrutura de armazenamento necessária, mas precisa melhorar seus recursos de gestão de dados em tempo real. À medida que o 5G e suas aplicações evoluírem, haverá uma adoção significativa da tecnologia nas mais variadas áreas – envolvendo cargas de trabalho enormes e complexas, tornando a computação em nuvem um componente essencial. Isso já está para acontecer e todos precisamos estar atentos para não perder o timing“, avalia Filadoro.