Entrada do Hotel Fazenda Cabeça de Boi
Entrada do Hotel Fazenda Cabeça de Boi
Gustavo Arrais
Gustavo Arrais

Referência quando o assunto é conforto e qualidade em hospedagem de famílias com crianças pequenas, o Hotel-Fazenda Cabeça de Boi vai completar, em 2022, sessenta anos de uma história que passou de pai para filho. Desde 1980 administrado pelo empresário Gustavo Arrais, o empreendimento está prestes a se tornar autossustentável. Em entrevista exclusiva, Gustavo dá mais detalhes sobre o projeto, conta como tem encarado a quarentena e revela a origem do nome Cabeça de Boi. Confira.

Áreas verdes e com muitos pés de pinhão é ideal para passeios ao ar livre
Áreas verdes e com muitos pés de pinhão é ideal para passeios ao ar livre

Há quanto tempo o hotel existe? Pode contar um pouco sobre a história dele?
O meu pai começou com uma pequena pousada de dez quartos em 1962. Aliás nós fomos os percussores neste ramo em Monte Verde. O Verner Grinberg, fundador da cidade, tinha duas ou três casas que ele emprestava para os amigos. Um amigo do Sr. Verner estava construindo uma colônia de férias para jovens alemães. Com as obras ainda em andamento, meu pai comprou dele aquele terreno onde seria a colônia, finalizou a construção e transformou em uma casa de veraneio.
O fato é que, como todo bom sítio ou barco, depois de um tempo que você compra as despesas de manutenção começam a pesar. No caso do meu pai havia ainda a questão das condições ruins da estrada naquela época. Então para ajudar a custear transformou meio que por acaso no primeiro hotel, com recepção, restaurante e etc.

Centro de Monte Verde
Centro de Monte Verde

E como vocês chegaram no nome Cabeça de Boi?
Durante uma das vindas de meu pai para cá, ainda na obra, o pneu do carro furou na subida. Ele procurou um tronco para servir de calço. Ao puxar o suposto tronco, meu pai descobriu que na verdade era o esqueleto da cara de um boi. Ainda assim ele trocou o pneu, colocou a carcaça no porta-malas e ao chegar aqui instalou-a no pinheiro, que ainda vive firme e forte na frente do hotel. Por estar em obras, não tínhamos nome e as pessoas adotavam a cabeça do boi como ponto de referência “onde tem uma cabeça de boi pendurada”. Assim ficou o nome, hoje Hotel-fazenda Cabeça de Boi.

Qual o número de leitos e de colaboradores?
São 80 unidades habitacionais, sendo 28 apartamentos para até três pessoas e o restante em chalés de dois a três quartos. O hotel comporta 320 hóspedes simultaneamente. Para atender esse número de hóspedes nós temos contratados diretos 105 funcionários. Agregado a isso contamos com empresas que nos atendem desde a manutenção externa, higienização e controle de pragas, passando pela manutenção do telhado, até o monitoramento por câmeras e a divulgação em redes sociais e no Google. Ou seja, o tempo inteiro nós cuidamos para mantermos o padrão.

Como vocês estão enfrentando essa situação da pandemia? Tiveram que fazer cortes?
O prefeito fechou as entradas a Monte Verde, de modo que só entra o automóvel com a placa da cidade ou se tiver um motivo justificável. Então, já que não poderíamos receber hóspedes nós aproveitamos para reformar o refeitório e outras áreas que normalmente funcionam 24 horas e não poderiam fazer sujeira e barulho. Além disso, também fizemos a reforma da lavanderia, play e etc.
Por enquanto não fizemos cortes. Tinha funcionário com um pouco de hora extra, outros com férias vencendo e aproveitamos para dar férias. Tenho uma certeza, enquanto empresário, que 1% do hotel é obras, tijolos e equipamentos e os outros 99% são os nossos colegas de trabalho. Aqui dentro é uma grande família.
Recentemente vocês implantaram a energia solar. Qual foi o investimento total e qual a redução nos gastos?
A usina fotovoltaica faz parte de um grande projeto que tem como intuito transformar o Cabeça de Boi em um hotel-
fazenda autossustentável. Nós já temos água que vem da nascente, esgoto tratado pela nossa estação de tratamento ETE, caminhões e tratores que foram escolhidas pela baixa emissão de CO2 e muito em breve teremos a compostagem de lixo, que está por detalhes para ser inaugurada. A compostagem é uma tratadora de resíduos que queima e transforma em calor. Esse calor aquece a água dos quartos, da lavanderia, da cozinha, entre outros lugares. Então não vamos mais queimar gás GLT, vai ser tudo por queima de biomassa.
A conta de luz do hotel era por volta de R$ 32 mil e depois da inauguração da usina veio R$ 78,00, que é a taxa de ligação. O custo da usina foi de R$ 700 mil.