Conhecido como potomania, transtorno pode levar à morte. Foto: Divulgação/Banco de imagens Freepik
Conhecido como potomania, transtorno pode levar à morte. Foto: Divulgação/Banco de imagens Freepik

Que a água é um elemento essencial na rotina de todos e que traz diversos benefícios para a saúde não é nenhuma surpresa, mas o que poucos sabem é que o consumo excessivo pode trazer graves consequências para o organismo. “Cada um de nós tem necessidades e características físicas próprias, o que torna o consumo de água algo particular”, explica a nefrologista, doutora em Ciências da Saúde e docente em Medicina, Mariane Rigo. 

Segundo a especialista, cada metabolismo funciona de forma diferente. “Existem alguns que ficam mais acelerados com gasto energético mais elevado, e consequentemente, terá um gasto hídrico maior, necessitando um consumo mais elevado de água”, explica. A recomendação da médica é perceber os mecanismos de alerta. “A sede é um dos principais avisos da falta de água no organismo. Outra dica é estar atento também à diurese, ou seja, urinar poucas vezes ao dia demonstra que o rim está concentrando demais a urina porque há pouca ingestão de água. A cor da urina também dá sinais de problemas. O ideal é que seja clara”, completa. 

De acordo com a especialista, o consumo de outros líquidos também contribui para a hidratação do corpo, mas todos apresentam algum elemento que acaba tornando a água mais vantajosa. “A bebida ideal é sempre a água pura, já que os demais líquidos estão carregados com algum tipo de açúcar, o que acaba diluindo a hidratação ideal, então, nada melhor que a água”, aponta.

Potomania

Por outro lado, para a psiquiatra especializada em Saúde Mental, Dra. Raquel Heep, normalmente, quando um indivíduo ingere muita água é sinal de que há alguma condição que exige um consumo maior ou, ainda, um indicativo de transtornos mentais. “Transtorno de ansiedade, personalidade, esquizofrenia e histeria podem levar ao desenvolvimento da potomania, um problema psicológico que faz com que o indivíduo consuma água ou líquidos em excesso”, detalha. O termo vem do grego “potos”, que significa bebida, e do latim “mania”, que equivale à demência ou loucura. “Há pessoas que, por já apresentarem algum transtorno, desenvolvem a potomania e chegam a beber de 8 a 20 litros de água por dia”, conta.

Já no aspecto físico, a potomania pode ocorrer por motivos como um problema cerebral, que ocorre quando há desregulação de uma parte do cérebro que controla a hipófise e os níveis hormonais. “Outra possibilidade são alguns problemas renais, quando há filtragem de forma incorreta e a regulação dos níveis de sais e água no corpo”, explica. Para descartar a possibilidade de algum problema físico, a psiquiatra orienta a realização de exames para verificar se há alguma deficiência. 

Segundo a psiquiatra, o corpo dá sinais do excesso de água. “Inchaço, náuseas e vômitos são alguns dos sintomas mais comuns, mas o consumo exagerado pode chegar a níveis muito mais graves, ocasionando acúmulo de água dentro dos neurônios, que pode levar ao edema cerebral, o que resulta, em alguns casos, em convulsão, podendo até levar à morte”, completa a especialista. 

De acordo com a médica, o ideal é procurar ajuda profissional assim que se identificar um consumo exagerado de água, para confirmar se o problema é físico. “Caso seja, é claro que é preciso tratar a doença com um médico especialista. Após o resultado dos exames, se não houver nada de errado com o organismo, o paciente pode se consultar com um psicólogo ou psiquiatra para, se for o caso, tratar o transtorno psicológico ou emocional e assim, passar a consumir água de maneira saudável”, orienta.