Um dos lugares especiais, que valem uma visita na capital gaúcha, é a Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ). O desejo de ir até lá nasceu em uma das palestras que assisti do professor, escritor entre outras inúmeras facetas de Mario Sergio Cortella. Naquela ocasião, o paranaense relatava a experiência que teve quando visitou o local. Mas um Centro de Cultura? Então o negócio é grande?
O Majestic
É, colega. “Mas grande quanto??”. Mais precisamente um antigo hotel, onde o próprio Quintana morou por mais de uma década, no centro de Porto Alegre, com fácil acesso de ônibus e carro. O referido ponto de hospedagem chamava-se Hotel Majestic e foi construído entre 1916 e 1933. O responsável pelo projeto, distribuído em sete andares, foi o alemão Theodor Alexander Josef Wiederpahn. Falando da construção, a primeira etapa recebeu o toque final em 1918 e, a segunda, parte leste do edifício, em 1933.
Do ponto de vista das construções edificadas naquela época, o prédio foi pioneiro na cidade em alguns aspectos, entre eles, no uso concreto armado em edificações com essa magnitude. Além disso, chamou a atenção da sociedade a existência de passarelas que interligam as duas construções. Essas pontes estão instaladas em três andares, embora ambas as torres tenham entradas independentes e sem a cobrança de ingresso.
Ilustres hóspedes
Os áureos tempos do Majestic foram vividos nas décadas de 1930 e 1940. Nesse período antecedente à estadia de Quintana, que ocorreu de 1968 a 1980, importantes figuras também esticaram o esqueleto em seus confortáveis colchões de mola. Dentre eles, o ex-presidente Getúlio Vargas e a eterna vedete Virgínia Lane. No entanto, por ter uma forte relação com aquelas paredes, o poeta não só dá nome ao local como também tem uma réplica de seu quarto da época. Eu não consegui entrar nele, nem sei se pode na verdade, mas há a possibilidade de ver o ambiente por meio de uma vidraça, no estilo aquário.
Falando em nome ao local, a transformação do hotel em centro cultural começou a acontecer quando o edifício foi comprado, em julho de 1980, pelo Banco Banrisul. Trata-se aqui da primeira etapa legal que objetivava a aquisição do antigo prédio pelo Governo do Estado, uma vez que, segundo a história nos conta, a máquina pública não possuía recursos necessários para fazer tal compra.
Nasce a Casa de Cultura
Dois anos mais tarde, no final de 1982, o comprador final assumiu como dono e, em 1983, o edifício recebeu o status de patrimônio histórico. Dali pra frente a Casa de Cultura Mario Quintana começava a ganhar corpo, sendo oficializada como CCMQ em 8 de julho, já respaldada pelo Lei 7803.
O próximo espaço que quero contar pra vocês foi, para mim, uma grata surpresa. Falo da sala que enaltece a memória e a música da cantora, gaúcha assim como Quintana, Elis Regina. O ambiente abriga retratos, matérias, capas de discos, entre outras peças. Em uma bancada fechada por vidros está uma matéria com o título chamado “Um laudo discutido”. Eu, como fã de Elis Regina, não me contive e parei para ler.
Nome aos bois
Mas, como você pode imaginar e comprovar pelas fotos, a CCMQ não é “só” isso, né? Há brinquedoteca, além de ambientes destinados a interações literárias, musicais, cursos e outros encontros ligados a esses assuntos.
Quer que eu dê nome aos bois? Então vamos lá. Confira agora todos os espaços da CCMQ:
Teatro Bruno Kiefer; Sala Paulo Amorin; Espaço Romeu Grimaldi; Espaço Vasco Prado; Espaço Maurício Rosemblatt; Galeria Sotero Cosme; Complexo Bruno Kiefer; Sala Norberto Lubisco; Galeria Xico Stockinger; Espaço Elis Regina; Biblioteca Lucília Minssen; Biblioteca Armando Albuquerque; Espaço Fernando Corona; Sala Radamés Gnattali; Teatro Carlos Carvalho; Sala Eduardo Hirtz; Biblioteca Érico Verissimo; Discoteca Nato Henn; Galeria Augusto Meyer; Espaço João Fahrion e Auditório Luís Cosme.
Última dica: no terraço do prédio há um espaço bem legal para tirar fotos, além de curtir a vibe vintage do local. Bom passeio, turma.
O endereço do CCMQ é Rua dos Andradas, 736 – Centro Histórico – Porto Alegre