Aprendizagem e aspectos do contexto escolar são abordados no projeto ‘ECOS’. Foto: Divulgação/FMABC
Aprendizagem e aspectos do contexto escolar são abordados no projeto ‘ECOS’. Foto: Divulgação/FMABC

As psicopedagogas do Núcleo Especializado em Aprendizagem (NEA) do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Alessandra Bernardes Caturani Wajnsztejn e Carina Zaneli, acabam de lançar material inovador, focado na aprendizagem e em aspectos diversos do contexto escolar. Batizada ECOS, a ferramenta lúdica tem formato de cartas de baralho e possibilita a sondagem de dificuldades, expectativas, bullying, anseios e conquistas de crianças e adolescentes, a partir de uma narrativa interativa, manifesta e íntima dos assuntos que envolvem o dia a dia escolar dos alunos.

Segundo as idealizadoras do projeto, o ECOS surgiu de uma necessidade da área de psicopedagogia, em função da escassez de materiais específicos para abordagem de aspectos do contexto escolar de forma lúdica e narrativa, como vínculo escolar, interação social, relação com a aprendizagem, aspectos afetivos e até mesmo situações de bullying. Diante deste cenário, o trabalho começou a dar os primeiros passos há cerca de 5 anos e desde então vem sendo aperfeiçoado.

Durante esses anos, mais de 1.000 estudantes entre 6 e 16 anos já se beneficiaram com a avaliação, que era aplicada em forma de folhas sulfites e com menos recursos. Contudo, a adaptação para o formato de cartas e o aperfeiçoamento dentro deste novo modelo lúdico alçou a ferramenta a um novo patamar de qualidade e eficiência.

Segundo a coordenadora do NEA-FMABC e uma das idealizadoras do projeto, Alessandra Bernardes Caturani Wajnsztejn, o nome ECOS simboliza como deveriam ecoar os conteúdos de alegria e de preocupação nas respostas dos estudantes. “Ao longo dos anos, fomos percebendo que este eco das respostas ficavam em nossos pensamentos e que também causavam explosões de esperança e conquistas”, revela.

Aplicação prática  

Entre as vantagens da nova abordagem na comparação com outras ferramentas e instrumentos tradicionais de avaliação, o ECOS possui um referencial de aproximação concreta com os conteúdos que os profissionais desejam rastrear e, principalmente, que os estudantes precisam relatar de forma manifesta e latente, direta ou indiretamente. Com requinte de ludicidade e da expectativa do que virá na próxima carta/sondagem, o material busca compreender a vivência dos alunos em forma gráfica e narrativa.

Alessandra Wajnsztejn. Foto: Divulgação/FMABC

“O ECOS aborda aspectos sociais, emocionais e acadêmicos em diversos contextos. Possibilita que analisemos habilidades de leitura, escrita, interpretação, análise-síntese, organização espacial, coordenação motora fina e abstração, por exemplo. A partir da metodologia, buscamos rastrear os sentimentos, os medos, as alegrias, as parcerias, os conflitos, os anseios, os sinais e sintomas de bullying entre os pares”, detalha Carina Zaneli, psicopedagoga voluntária do NEA-FMABC e idealizadora do projeto.

No âmbito do convívio social, outros aspectos podem ser observados. “A cooperação e aceitação entre os pares, a liderança construtiva ou excessiva frente os pares, a exclusão, sinais evidentes de bullying, preferências de convívio com gênero, facilidade ou preferência por realizar atividades em grupo, pares ou individualmente são algumas das situações que conseguimos enxergar com facilidade”, explica Alessandra Wajnsztejn.

O público-alvo para aplicação do ECOS são os profissionais que atuam com avaliação e intervenção nas queixas de dificuldades ou habilidades de aprendizagem e na relação interpessoal. A indicação principal é para utilização no Ensino Fundamental I e II e no Ensino Médio. Trata-se de ferramenta promissora, que traz dados complementares em fases de avaliação, orientação e intervenção, assim como na orientação vocacional. Outra vantagem é que pode ser aplicado à distância, via consultas on-line, totalmente alinhado à atual realidade da pandemia e do distanciamento social.

Durante a elaboração do projeto, uma das preocupações foi que o material desse a oportunidade da criança ou adolescente relatar sentimentos e pensamentos de sua vivência atual, assim como anseios para o futuro, para que esses relatos sejam orientados e trabalhados posteriormente. Além disso, o ECOS foi pensado para valorizar momentos positivos no contexto escolar, incluindo anseios, expectativas, desejos de construção, valorização de professores, de amigos, de matérias, de convívio e de conquistas próprias. “Acreditamos neste momento que obtivemos êxito”, comemoram as idealizadoras.