Ação de higienização de espaços públicos é um dos principais aliados da Prefeitura para reduzir taxa de transmissão da doença. Foto: Divulgação
Ação de higienização de espaços públicos é um dos principais aliados da Prefeitura para reduzir taxa de transmissão da doença. Foto: Divulgação

O ato de roncar ao dormir nem sempre representa sono profundo e descanso. Essa vibração sonora pode representar mais do que um incômodo para quem dorme ao lado. O ronco pode ser sintoma da Síndrome de Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS), um distúrbio respiratório crônico, caracterizado por um colapso das vias aéreas superiores, ocasionando diminuição ou ausência do fluxo de ar para os pulmões durante o sono.

A apneia do sono se caracteriza por episódios de obstrução total das vias respiratórias, enquanto na hipopneia há uma redução parcial de cerca de 30% do fluxo respiratório. De acordo com o membro da Câmara Técnica de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial e do grupo de Odontologia do Sono do Conselho de Odontologia de São Paulo (CROSP), João Paulo Tanganeli, a apneia do sono é comum e, de acordo com estudos, acomete cerca de 30% a 35% da população adulta.

“É importante destacar que o ronco não necessariamente está associado a apneia, mas quem tem apneia sempre ronca.  Na apneia do sono, o paciente tem aquela parada respiratória dormindo, faz um esforço e volta a respirar. Isso é um processo que leva poucos segundos, mas tem pessoas que ficam até um minuto nessa parada. A longo prazo, o paciente vai tendo dessaturações, ou seja, o oxigênio cai. Uma saturação de oxigênio normal é acima de 95%, e o paciente com apneia pode dessaturar bastante, até a menos de 80%.  Imagina isso acontecendo várias vezes por hora?”, pondera.

Odontologia como aliada no tratamento

O paciente com o diagnóstico final de apneia do sono, emitido por um otorrinolaringologista ou médico do sono, pode recorrer a tratamentos odontológicos para reduzir os sintomas. “Aparelhos intraorais, que fazem o avanço da mandíbula, podem ajudar em casos de apneias leves e moderadas. A outra forma são os procedimentos cirúrgicos. A cirurgia ortognática, realizada pelo cirurgião-dentista com especialidade em bucomaxilofacial, dependendo do caso, faz o avanço ou tracionamento da mandíbula e maxilar e, com isso, desobstrui a passagem do ar. O paciente geralmente apresenta uma melhora acima de 90%.”

De acordo com Tanganeli, um outro tratamento, ainda em estudo, é o laser de CO2. “Esse laser faz uma espécie de peeling no palato mole (tecido que fica atrás do céu da boca) e endurece tecido. Os estudos iniciais detectaram uma melhora em um período de 5 a 6 meses. Mas ainda está em fase de testes. É um procedimento sem anestesia, bem menos invasivo.”

Cuidar da saúde do sono é essencial

Ter uma baixa qualidade do sono pode acarretar consequências para a saúde. Doenças como hipertensão arterial, diabetes (tipo 2), síndrome metabólica, alteração na glicemia e até mesmo, perda da memória e, em casos mais graves, problemas cognitivos e demência. Os distúrbios do sono geralmente são diagnosticados através da polissonografia (conhecido por teste do sono, solicitado por um médico). Trata-se de um exame não invasivo, que investiga anormalidades enquanto o paciente dorme. Mas o excesso de sonolência diurna também pode ser um alerta. Como o excesso de peso pode ser um dos principais desencadeadores da apneia, buscar mais qualidade de vida, com alimentação equilibrada e exercícios físicos, é essencial para controlar o problema. “Cuidar da rotina do sono também é importante. A recomendação é evitar cafeína (após as 17h) e as telas de computador e celular, que reduzem a produção de melatonina (conhecido como hormônio do sono)”, orienta o especialista.