Vista aérea do Colégio Liceu Jardim

Com o avançar do controle da pandemia e os números de mortos e infectados caindo gradativamente, é natural que, tomando todos os cuidados exigidos pela pandemia de COVID-19, o assunto “volta às aulas presenciais” ganha cada vez mais força. Para falar sobre como a melhor escola do ABC, o Liceu Jardim, está se preparando para receber os alunos de volta, nós fomos conversar com o renomado educador e diretor-geral daquela instituição educacional, Daniel Contro. Confira na íntegra a entrevista.

Com as aulas presenciais prestes a serem retomadas, como vocês estão adequando a estrutura física para o retorno dos alunos? 

A escola contratou o hospital alemão Oswaldo Cruz para estruturar seu protocolo de retorno às aulas presenciais. Toda a estrutura física está adaptada, incluindo adequação das salas de aula, refeitórios, bebedouros, demarcação dos espaços para distanciamento, dipensores de álcool em gel e uso de máscara.

Daniel Contro, diretor do Colégio Liceu Jardim –
Foto Edmilson Magalhães

Além disso, adotaremos revezamento de horários, equipamentos para triagem térmica, sala de isolamento, face shield para todos, higienização sistemática dos ambientes e demais medidas necessárias para segurança dos nossos colaboradores e alunos.

Como avaliam o rendimento dos estudantes durante a realização das aulas on-line? 

Mantivemos o maior número possível de avaliações, à guisa de sondagem e mensuração do rendimento escolar comparado aos anos anteriores. Para os alunos menores, o ensino remoto tem maiores limitações. Todavia, as defasagens serão perfeitamente possíveis de serem equacionadas, posto que são deles o maior trecho de caminho restante.

Os pais não precisam se exasperar com eventuais perdas. O maior desafio está com os concluintes do ensino médio. Mas, todos os alunos foram afetados pelas mesmas condições.

Qual será o esquema para a retomada das aulas presenciais? Adotarão um revezamento de estudantes? 

O decreto do governo do estado estabelece o revezamento dos alunos. Começa com 20% para os menores, até o quinto ano e 30% para os maiores. É importante o retorno gradual para treinamento e assimilação dos protocolos. Todas as escolas devem se submeter às prescrições.

De todo esse processo que as escolas se viram obrigadas a fazer, o que vocês acreditam que vai ficar como legado, de maneira permanente?

Entre outros, vejo 4 deduções possíveis de antecipar:  Houve uma benfazeja desmistificação da tecnologia como solução para todos os  desafios do ensino de crianças e jovens. Embora os alunos tenham ganho alguma maturidade e senso de responsabilidade, ficou evidenciando que, em si mesma, a tecnologia não é a panaceia que muitos preconizavam.

Mostrou-se incapaz de elevar a motivação dos alunos e a melhoria de rendimento. Restou exaltado e revalorado o papel do professor. Por sua vez, o espaço escolar, em suas múltiplas relações, mostrou-se insubstituível. A escola é a primeira experiência entre iguais para a criança. Ela precisa conviver com outras para estruturar-se à vida comunitária e suas demandas. O ambiente escolar representa, mesmo que por algumas horas, uma atmosfera emocional menos densa que a do lar,  servindo como higiene mental à criança

Quanto aos professores, é inegável que se acelerou o domínio de novas técnicas e recursos  de ensino, em tempo recorde, aproximando-os do mundo e linguagem dos alunos.

Muitos docentes mudarão suas práticas de aula para sempre, incluindo os recursos das novas tecnologias ao seu dia-a-dia. Por último, é muito provável que o ensino híbrido encurtou seu tempo de chegada ao ensino básico. Não substituirá à escola convencional, mas poderá instiga-la à reinvenção.