Inauguração Biblioteca Nair Lacerda - Foto - Eduardo Merlino_PSA

Equipamento conta com acervo de 90 mil itens físicos, entre jornais, livros em Braille, gibis e obras raras

A cidade de Santo André completou nesta terça-feira (8) seu 472° aniversário e, como presente, a população recebeu de volta um dos mais importantes equipamentos culturais do município: a Biblioteca Nair Lacerda. Localizado no Paço Municipal, integrando o Centro Cívico andreense, o espaço foi modernizado e volta a ficar à disposição do público.

“Neste aniversário temos o slogan ‘cada canto, uma história; cada história, um orgulho’ e é justamente por resgatar essa história de Santo André e preparar e apontar para o futuro. Hoje é uma entrega muito importante, ficou muito bonita a biblioteca. O patrimônio foi preservado, mas com modernidade. Uma entrega simbólica que fica para a história”, destacou o prefeito Gilvan Junior, durante o evento que marcou a reabertura do espaço na manhã desta terça-feira.

“Quero agradecer a presença de todos a esta reinauguração da Biblioteca Nair Lacerda, onde a curiosidade e conhecimentos são sempre bem-vindos para a gente continuar avançando a cidade”, continuou Gilvan, que esteve acompanhado da vice-prefeita Silvana Medeiros, dos secretários municipais Azê Diniz (Cultura) e José Antônio Ferreira (Manutenção e Serviços Urbanos), da deputada federal Ana Carolina Serra, do ex-prefeito Paulo Serra – que iniciou as obras da biblioteca – entre outras autoridades.

 Inauguração Biblioteca Nair Lacerda - Foto - Eduardo Merlino_PSA

Emblemático, o equipamento conta com um acervo de aproximadamente 90 mil itens físicos, entre acervo geral, Braille, gibiteca, autores da região, obras raras e especiais.

As intervenções realizadas incluem serviços gerais de manutenção, correção e adequação de elétrica, iluminação, pintura, hidráulica, manta vinílica, reforma total do forro, execução de alvenaria, contrapiso, impermeabilização e revestimento, revisão e recomposição das esquadrias (peças e vidros) adequação de acessibilidade, reforma dos banheiros e novo balcão de atendimento. O valor de investimento foi de aproximadamente R$ 1,1 milhão.

“Esse é um espaço muito importante de incentivo à leitura e não tinha um dia melhor para fazer essa reinauguração tão simbólica. Independentemente do valor investido, o valor cultural e de importância é inestimável”, enalteceu o secretário de Manutenção e Serviços Urbanos, José Antônio Ferreira. “Foi um grande desafio a gente modernizar sem perder as características do passado. Este lugar é muito importante em termos de pertencimento. Trabalhamos com muito cuidado para não estragar tudo isso, foi reforma completa feita com muito carinho”, continuou.

Com o objetivo de tornar o espaço ainda mais acessível, a renovada Biblioteca Nair Lacerda contará a partir de agora com estantes mais baixas, com 1,60 m de altura. O equipamento também traz uma nova disponibilização do espaço dedicado a obras em Braille, próximo à entrada, e espaço infantil. Além disso, contará ainda com as voltas de dois setores: o acervo de jornais (disponível mediante agendamento pelo email bibliotecas@santoandre.sp.gov.br) e o espaço Escritor do Grande ABC, próximo ao painel.

 Inauguração Biblioteca Nair Lacerda - Foto - Eduardo Merlino_PSA

Uma novidade foi a abertura de um espaço dedicado àquela que batiza a biblioteca, Nair Lacerda, contando com objetos que pertenceram a ela (como escrivaninha de trabalho e máquina de escrever), além de frases marcantes ditas pela escritora, jornalista e escritora.

“Minhas memórias e experiências individuais vividas neste lugar tornam tudo muito especial. Sou do tempo dos arquivos de metal, das gavetas longas e estreitas, das fichas de papelão, das pesquisas feitas no papel almaço. E, desta forma, esta biblioteca tornou-se referência em conhecimento e memória afetiva para mim e grande parte dos moradores dessa cidade”, destacou a secretária de Cultura, Azê Diniz.

“Qual é o papel de uma biblioteca na atualidade? Que conhecimentos e informações a sociedade necessita em tempos de internet? Como ampliar a frequência de usuários? Estamos descobrindo tudo isso juntos e o meu desejo é que no futuro essa biblioteca seja muito mais do que um repositório de memória e conhecimento. Desejo fortemente que seja mais do que é, um espaço ativo, de convivência e circulação, onde aquela imagem de silêncio obrigatório não cabe mais”, emendou a secretária de Cultura.

Para este grande dia de reabertura da biblioteca, uma programação cultural foi planejada com poesias, contação de histórias, sarau e muito mais.

“Este é um espaço muito significativo, mas não posso deixar de falar de Nair Lacerda, uma mulher à frente de seu tempo e que enfrentou muito para chegar e colocar um pouquinho no papel aquilo que sentia. Essa biblioteca reflete muito a importância da mulher na sociedade”, exaltou a deputada Ana Carolina Serra.

“Este é um equipamento que tem uma relação afetiva muito forte com os andreenses e pode não ser uma obra das mais caras, mas pelo pertencimento tem importância e relevância únicos. Não tenho dúvida que a Biblioteca Nair Lacerda vai bater forte no coração do andreense e voltar a ser uma referência, assim como foi para as últimas gerações”, pontuou o ex-prefeito Paulo Serra.

História – Instalada inicialmente em 8 de abril de 1954 no Edifício Sion, localizado no número 76 da Rua Coronel Alfredo Fláquer (junto à antiga Câmara), a biblioteca contava com acervo de 4 mil volumes. Depois da conclusão da construção do Paço Municipal, foi transferida em abril de 1970 para onde está até hoje.

 Inauguração Biblioteca Nair Lacerda - Foto - Eduardo Merlino_PSA

Anteriormente conhecida como Biblioteca Municipal de Santo André, foi batizada em 8 de abril de 1987 com o nome da escritora, jornalista e tradutora Nair Lacerda, que foi diretora do Departamento de Educação e Cultura à época da inauguração e teve participação direta no desenvolvimento do equipamento, como responsável por doar parte de seu acervo pessoal para o início das atividades. Outra parte foi doada por Sérgio Milliet.

Arquitetado pelo escritório de Rino Levi, todo o Centro Cívico andreense é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) desde 2013.

Tradição – Os eventos comemorativos ao aniversário de 472 anos de Santo André começaram nesta terça com a tradicional homenagem a João Ramalho, na Passarela Luso-Brasileira Américo Pinto Serra, em frente à estátua do explorador e colonizador português responsável pela fundação da antiga Santo André da Borda do Campo de Piratininga – primeiro povoado europeu distante do litoral na América portuguesa –, elevada à categoria de vila justamente em 8 de abril de 1553, pelo então governador-geral do Brasil, Tomé de Souza.

O evento contou com as presenças do prefeito Gilvan, da vice-prefeita Silvana Medeiros, secretários, integrantes do Tiro de Guerra e do 12º distrito dos escoteiros, autoridades e integrantes da comunidade portuguesa, entre eles o cônsul geral adjunto do Consulado Geral de Portugal em São Paulo, Jorge Longa Marques, e o presidente da Casa de Portugal ABC, Paulo Augusto de Freitas.

 Inauguração Biblioteca Nair Lacerda - Foto - Eduardo Merlino_PSA

“Um dia de muita felicidade para nós, hoje. Aniversário de 472 anos e a gente respeita muito a história da nossa cidade, das pessoas que contribuíram para construir nossa história. E João Ramalho não é diferente. Como dizia Padre Manoel da Nóbrega, João Ramalho é o pai de todos os paulistas. Chegou, ajudou a desbravar essa cidade e a gente carrega essa força e energia até hoje, juntando os povos em uma terra acolhedora, de imigrantes e de pessoas do país inteiro, que valoriza a história, mas também avança e caminha para o futuro”, destacou o prefeito andreense.

“Tenho certeza que quando João Ramalho começou a construir as casas para seus filhos e netos, o Cacique Tibiriçá e o povo tupinambá não imaginavam a grandeza do que ele estava a construir: uma Santo André que é uma grande cidade, um exemplo de união dos povos para todo o Brasil. Enquanto representante da República Portuguesa no Estado de São Paulo, agradeço imensamente pela memória”, elogiou Jorge Longa Marques.