Especialistas do Reino Unido, da Holanda e também do Brasil conheceram obras e projetos da cidade e visitaram comunidades periféricas - Fotos: Divulgação/Semasa

Duas pesquisadoras do Reino Unido e da Holanda e uma do Brasil realizaram um intercâmbio em Santo André, por meio da instituição Royal Academy of Engineering, para conhecerem iniciativas inovadoras do município que contribuem para a gestão de riscos e desastres, ou seja, para a resiliência climática.

“Nós temos investido cada vez mais em ciência e tecnologia para tornar a nossa cidade mais preventiva e com capacidade de lidar com os efeitos das mudanças climáticas. Esse intercâmbio é reflexo dos avanços e do reconhecimento que Santo André vem conquistando, sendo muito importante para aprimorarmos as nossas ações, conhecer a realidade de outros países e trazer novas metodologias para enfrentarmos os desafios locais”, explica o prefeito Gilvan Ferreira.

Organizado na semana passada pela Secretaria de Meio e Mudanças Climáticas, por meio do Departamento de Defesa Civil, o encontro com as pesquisadoras contemplou soluções que têm sido realizadas por diversas secretarias, visitas em obras, como as do Complexo Maurício de Medeiros, no Jardim Irene, e as de construção de microrreservatórios na Vila Pires. 

Além disso, o intercâmbio possibilitou que as especialistas em resiliência climática pudessem conhecer o sistema de monitoramento da Defesa Civil e o funcionamento dos bueiros inteligentes (equipamentos que possuem cesto com sensor para alertar quando os cestos estão com grande volume de resíduos). Houve ainda visitas às comunidades Eucaliptos, no bairro Cata Preta, e Missionários, no Jardim Santo André, localizada em uma região de riscos urbanos e ambientais. 

As pesquisadoras estão envolvidas no projeto Rescue (Recuperação para Apoio Equitativo em Ambientes Prejudicados pelo Clima), aplicado na América Latina e no Sul da Ásia. O intercâmbio surgiu após o projeto de inteligência artificial de Santo André ser premiado, em outubro de 2024, pela Royal Academy of Engineering, na Inglaterra, graças ao caráter indisciplinar e ao potencial de replicação em outras cidades. 

“A IA é desenvolvida no âmbito do programa Sanear Santo André, em parceria com a Gitly. Com essa tecnologia, será possível prever, com mais eficiência, a possibilidade de ocorrer desastres em decorrência de fortes chuvas, como enchentes, alagamentos e deslizamentos, o que permitirá uma atuação mais preventiva da Defesa Civil e do setor de drenagem, ampliando a proteção nas áreas de risco”, explica o secretário de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Edinilson Ferreira dos Santos.

A britânica e doutora Viviana Novelli, da Universidade de Cardiff (Reino Unido), disse que a experiência foi fantástica. “Eu acho que há muito o que podemos fazer, juntando as nossas diferentes experiências para contribuir e tentar, de alguma forma, fazer algo bom nas favelas e também para o futuro do Brasil”, afirma.

IA – O sistema de inteligência artificial de Santo André utiliza dados públicos e privados, como imagens de câmeras instaladas na cidade, informações meteorológicas e topografia urbana, para alimentar modelos preditivos, que analisam em tempo real o comportamento das chuvas e o acúmulo de água em regiões críticas, antecipando possíveis problemas hidrológicos com base em padrões históricos e variáveis ambientais.

Responsável por apresentar a inteligência artificial andreense na Austrália, a pesquisadora Lisane Valdo, que trabalha na empresa responsável por desenvolver a tecnologia, diz que “esse projeto é superinovador em vários locais do mundo”.