Um relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostra que dos 15 aos 18 anos, seis em cada 10 brasileiros desenvolvem alergia ocular. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Net do Instituto Penido Burnier, alérgicos formam o principal grupo de risco do ceratocone, doença degenerativa que afina a deforma a córnea, lente externa do olho responsável por 60% da nossa visão. No Brasil 100 mil pessoas convivem com esta doença. O hábito de coçar os olhos é o maior fator de risco.
Olho seco
O especialista afirma que na primavera a baixa umidade do ar aumenta a síndrome do olho seco. A menor lubrificação dos olhos predispõe ao ceratocone. Os sintomas da síndrome elencados pelo médico são vermelhidão, coceira, sensação de corpo estranho, queimação, fotofobia e visão borrada. O distúrbio atinge mais de 50 milhões de pessoas no mundo e 12% dos brasileiros. Levantamento feito por Queiroz Neto nos prontuários de 315 portadores de ceratocone mostra que 24% têm olho seco. Em tempo de pandemia, o trabalho home office e a educação online torna a vida dessas pessoas bastante complicada. Isso porque, 1 em cada 3 afirmam ter dificuldade de permanecer diante de uma tela por muito tempo.
Sinais e influência dos hormônios
Os principais sintomas do ceratocone elencados pelo oftalmologista são coceira nos olhos, visão dupla ou distorcida, troca frequente dos óculos, enxergar halos ao redor da luz e fotofobia. O oftalmologista afirma que além do efeito do meio ambiente no desenvolvimento do ceratocone, alergias respiratórias, e casos na família a doença também ceratocone também sofre influência dos hormônios sexuais. Isso porque, estimulam a córnea a produzir enzimas que levam ao afinamento progressivo da sua espessura. “É por este motivo que a maioria dos diagnósticos ocorrem na puberdade. Mulheres com a doença estável há anos também podem experimentar progressão repentina do ceratocone durante a gestação”, salienta
Diagnóstico e tratamentos
Neto afirma que o diagnóstico precoce é essencial para evitar o transplante, especialmente depois da pandemia que aumentou a fila da cirurgia. A tomografia,m exame que faz a análise das duas faces da córnea permite diagnosticar a doença antes de sinais evidentes. A única terapia que interromper a progressão, ressalta, é o crosslinking que associa a aplicação de riboflavina, vitamina B2, e luz ultravioleta para fortalecer a reticulação das fibras de colágeno na córnea. Outros tratamentos são o implante de anel intraestromal que achata o formato da córnea e o lente escleral que por se apoiar na esclera, parte branca do olho, tem boa adaptação inclusive em casos avançados de ceratocone.
Prevenção
O especialista explica que a principal recomendação para prevenir o ceratocone é não coçar ou esfregar os olhos. A dica do oftalmologista é usar compressas frias para aliviar a coceira. Não desaparecendo é necessário consultar um especialista. O uso de colírios sem prescrição pode piorar o problema. A alergia pode ser evitada com cuidados simples. Os principais indicados pelo médico são:
· Manter os ambientes limpos e arejados
· Evitar a exposição prolongada ao ar-condicionado
· Dar preferência ao aspirador de pó e panos úmidos na limpeza da casa
· Não cocar os olhos para evitar o acúmulo de estamina no local que causa mais coceira.
· Aplicar compressas frias ao primeiro desconforto.
· Usar óculos nos ambientes externos como barreira de proteção.