Comissão das Mulheres da FUABC organiza evento com roda de conversa liderada por referências femininas da saúde do ABC

A Fundação do ABC promoveu, na manhã desta segunda-feira (27), uma programação especial em celebração ao Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. O evento, realizado no Anfiteatro do Centro Universitário FMABC, em Santo André, reuniu colaboradores da sede administrativa e da FMABC, representantes das unidades gerenciadas, docentes e pacientes em tratamento oncológico, em uma manhã marcada por emoção, acolhimento e troca de experiências.

A ação foi organizada pela Comissão das Mulheres da FUABC, instituída neste ano pela Presidência e composta por 18 colaboradoras de diversos setores da sede administrativa. O objetivo do grupo é fortalecer o papel da mulher na entidade e promover ações voltadas ao bem-estar, à saúde e ao empoderamento feminino. Ao todo, 208 pessoas compareceram ao evento. 

Atualmente, 400 mulheres estão em tratamento ou acompanhamento por neoplasias mamárias nas unidades gerenciadas pela instituição nos municípios de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul. As estatísticas regionais reforçam a importância da conscientização e de ampliar as ações de prevenção contra a doença, pilares fundamentais da campanha Outubro Rosa.

A abertura oficial do evento foi conduzida pelo presidente da Fundação do ABC, Dr. Luiz Mário Pereira de Souza Gomes, que agradeceu a mobilização da Comissão das Mulheres na organização do evento. “Quando fazemos ações afirmativas de saúde voltadas à mulher, confirmamos nossa existência enquanto pessoas e profissionais. Dos nossos 30 mil funcionários, 23 mil são mulheres, o que mostra a identidade da saúde como uma atividade eminentemente feminina”, destacou.

Comissão das Mulheres da FUABC organiza evento com roda de conversa liderada por referências femininas da saúde do ABC

Um dos pontos altos da manhã foi a palestra ministrada pela comunicadora e profissional da saúde Roberta Perez, que compartilhou sua história pessoal como sobrevivente do câncer de mama. Em um relato inspirador, Roberta trouxe dados e reflexões sobre a importância do diagnóstico precoce, de redes de apoio e da coragem para transformar o medo em motivação.

“Precisamos falar sobre o câncer sem tabus, medo ou terrorismo. Uma em cada oito mulheres vai desenvolver câncer de mama, e juntas podemos plantar uma semente de informação que faça a diferença na vida de outra mulher”, afirmou Roberta. “Eu tive uma vida caótica no passado, pouco me preocupava com a saúde, apesar de trabalhar na área. Hoje, após a cura, ajudo mulheres a buscarem tratamento e, antes disso, a manter hábitos saudáveis como forma de reduzir riscos de desenvolver o câncer”.

Após a palestra, Roberta mediou uma roda de conversa com importantes lideranças femininas da região do ABC. O debate contou com a ilustre participação da secretária de Saúde de São Caetano do Sul, Dra. Adriana Berringer Stephan, também ex-presidente da FUABC e ex-aluna da FMABC; da coordenadora da Residência Médica em Mastologia da FMABC e mastologista do Hospital Estadual Mário Covas, Dra. Alessandra Nabarro; da pró-reitora de Extensão do Centro Universitário FMABC, Dra. Vania Barbosa do Nascimento; da paciente em remissão e encarregada de Dados da FUABC, Dra. Carolina Silvério; e da diretora-geral do Complexo de Saúde de São Bernardo do Campo, Dra. Heloísa Molinari Calderon.

Comissão das Mulheres da FUABC organiza evento com roda de conversa liderada por referências femininas da saúde do ABC

“Cerca de 75% da população utiliza o SUS, o que mostra sua importância na redução da mortalidade por câncer de mama. Entre os casos, 30% foram diagnosticados em mulheres de 40 a 50 anos. Quando a doença é descoberta no estágio inicial, as chances de cura chegam a 95%”, ressaltou a Dra. Alessandra Nabarro.

Para a Dra. Carolina Silvério, o Outubro Rosa teve papel decisivo em sua rotina de cuidados. “A campanha me fez ir ao ginecologista regularmente e foi em uma dessas consultas que descobri o câncer aos 40 anos. Sempre mantive hábitos saudáveis, e isso ajudou no tratamento. Também é essencial cuidar da saúde mental para seguir firme no processo”, destacou.

“Este encontro é muito importante para refletirmos sobre nossas trajetórias”, afirmou a Dra. Vania Barbosa do Nascimento. “Durante uma visita a uma amiga, fizemos um exame e descobrimos o câncer. Tive uma boa rede de apoio e isso fez toda a diferença. Usei o SUS no meu tratamento. Uso e defendo”.

Ao abordar o tempo entre diagnóstico e tratamento, a Dra. Heloísa Calderon relatou que, embora a microrregião do ABC seja privilegiada, ainda há desafios no atendimento de todos os casos. Por sua vez, Dra. Alessandra Nabarro complementou que é fundamental as prefeituras se aproximarem das especialidades e buscarem o que há de mais atual no combate à doença. “Em São Caetano, por exemplo, hoje não há fila para cirurgia de câncer de mama. Nossa meta é atender a paciente entre diagnóstico e cirurgia em cerca de 30 dias”.

Comissão das Mulheres da FUABC organiza evento com roda de conversa liderada por referências femininas da saúde do ABC

Para a Dra. Adriana Berringer Stephan, o Outubro Rosa é um lembrete poderoso de que o diagnóstico precoce salva vidas. “Este encontro é um chamado à ação para marcar exames, ouvir o próprio corpo e apoiar umas às outras. Parabéns à Comissão de Mulheres da FUABC pela iniciativa”.

O evento contou com o apoio da Diretoria de Gestão Institucional da FUABC, do Centro Universitário FMABC, das unidades gerenciadas e de patrocinadores. Mais do que uma força coletiva de conscientização, a iniciativa representou um amplo movimento de empatia, escuta ativa e construção de redes de apoio que sustentam tantas famílias durante a jornada de combate ao câncer de mama.  

DADOS INCA

Segundo dados divulgados neste mês pelo Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 4,4 milhões de mamografias no ano passado, principal exame indicado para diagnóstico da doença. Do total, 2,6 milhões foram feitas em mulheres da faixa etária prioritária (50 a 74 anos).

De acordo com o estudo, o Brasil deve registrar 73.610 novos casos de câncer de mama em 2025. Em 2023, foram mais de 20 mil óbitos, com maior concentração nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. O levantamento também aponta tendência de redução da mortalidade entre mulheres de 40 a 49 anos, reforçando a importância do acesso ao diagnóstico precoce.

Neste ano, o Ministério da Saúde anunciou a ampliação ao acesso a mamografia no SUS também para mulheres de 40 a 49 anos, mesmo sem sinais ou sintomas de câncer. Essa faixa etária concentra 23% dos casos da doença e a detecção precoce aumenta as chances de cura. A indicação para as mulheres a partir dos 40 anos é de que o exame seja feito sob demanda, em decisão conjunta com o profissional de saúde. Até então, a recomendação no SUS era para a faixa etária de 50 a 69 anos, sendo que a idade limite também acaba de ser ampliada, passando para até 74 anos.