Por Márcio Rodrigues da Silva
O Cobre e suas ligas, como o latão e o bronze, possuem propriedades antimicrobianas que se destacam em diversas aplicações, especialmente em revestimentos e superfícies de contato frequente. Essas propriedades têm potencial para revolucionar a forma como lidamos com a higiene em ambientes públicos e de saúde, proporcionando uma camada adicional de proteção contra infecções.
Estudos clínicos demonstraram que superfícies de Cobre podem reduzir drasticamente a presença de bactérias. Em testes comparativos, enquanto superfícies de aço inoxidável e plástico mostraram pouca ou nenhuma redução de colônias bacterianas após seis horas, superfícies de Cobre reduziram as bactérias em mais de 99,9% em apenas duas horas. Como resultado, mais de 300 ligas de Cobre, com um teor mínimo de 60%, foram registradas pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) para aplicação em superfícies frequentemente tocadas.
Versatilidade
Graças às suas propriedades, a utilização de Cobre em ambientes da área da saúde, como hospitais, clínicas e laboratórios, tem se mostrado eficaz na prevenção de infecções hospitalares. Um estudo realizado em três hospitais dos EUA, por meio de pesquisadores da Universidade de Southampton (Reino Unido), indicou que o Cobre antimicrobiano pode prevenir em até 58% infecções hospitalares. As instalações podem ser realizadas em diversas superfícies, como mesas, corrimãos, puxadores de portas, maçanetas, torneiras e partes de elevadores, com maior eficiência em superfícies secas, em que a acumulação de íons é mais rápida, permitindo o ataque direto à membrana bacteriana.
Para se ter uma ideia, o Hospital Roberto del Rio, no Chile, instalou móveis com superfícies de Cobre nas UTIs com apoio do Ministério da Saúde e de Minas a fim de reduzir as infecções hospitalares. Já na Alemanha, o centro geriátrico de Berlim implementou maçanetas de Cobre como parte de seu programa de prevenção a infecções.
Além de suas propriedades antimicrobianas, o Cobre é um material extremamente versátil. Suas ligas e subprodutos podem ser utilizados em nanotecnologia, pecuária, agricultura, indústria de tintas e cosméticos. Esse aspecto multifuncional faz do Cobre uma escolha atraente não apenas para a saúde, mas também para diversos outros setores. Outro exemplo interessante é o uso de balaústres de Cobre em um trem no Chile, demonstrando a aplicação bem-sucedida do Cobre em transportes públicos.
Mais de 30 proteínas conhecidas possuem Cobre, que pode atuar nas enzimas tanto como doador como receptor de elétrons, mas em maiores teores pode desestabilizar a estrutura proteica dos microrganismos. Por isso, o metal também tem sido muito utilizado na agricultura para o controle de doenças bacterianas e fúngicas.
Conscientização
O alto teor reciclável do Cobre também é um fator positivo para a produção sustentável. Esse aspecto contribui para a economia circular, reduzindo o impacto ambiental da extração e processamento de novos materiais.
Diante de tantos benefícios, a conscientização sobre o poder do Cobre e a implementação de medidas legais para incentivar seu uso em áreas de maior contato são essenciais para diminuir as chances de contaminações e proliferações, principalmente em locais públicos, como hospitais, rodoviárias, estações de trem e aeroportos. Ainda que o metal não substitua as práticas de controle de infecções, ele pode ser um aliado e uma segunda linha de defesa.
O uso do Cobre e suas ligas em revestimentos e superfícies, portanto, é uma solução eficaz e sustentável para a prevenção de infecções. A adoção desse material pode trazer benefícios significativos para a saúde pública, destacando-se como uma medida importante na luta contra a contaminação microbiana em ambientes de alta circulação.