O Hospital Estadual Mário Covas (HEMC), em Santo André, apresentou nesta semana, 29 de junho, os resultados da primeira fase do 7º ciclo do projeto ‘Lean nas Emergências’, iniciativa ligada ao Ministério da Saúde e executada com mentoria do Hospital Sírio-Libanês (HSL). O objetivo é reduzir a superlotação nas urgências e emergências de hospitais públicos e filantrópicos do Brasil.
Neste ciclo, foram seis meses de consultorias presenciais a cada 15 dias e amplo monitoramento de dados assistenciais. As intervenções renderam à unidade diversas melhorias no setor de Emergência ligadas à redefinição de fluxos de atendimento dos pacientes, otimização na liberação de leitos, padronização e organização de materiais, além de maior aproximação da gestão com a rotina operacional. A próxima fase será de monitoramento das ações implantadas, em caráter virtual, com duração de seis meses.
Um dos grandes acertos desta fase, entre outras ações, foi a implantação da metodologia ‘Huddle’. Duas reuniões diárias, de cerca de 10 minutos, feitas em pé entre profissionais da assistência e coordenadores no setor de Emergência. O método de melhoria contínua dos processos assistenciais possibilita o gerenciamento de problemas pontuais do setor, com foco na qualidade da assistência e segurança do paciente. O objetivo é proporcionar uma discussão dinâmica e resolutiva sobre pendências pertinentes à rotina diária do serviço. No evento de celebração dos resultados, a equipe de Emergência realizou o ‘Huddle’ no palco do auditório. Atualmente, os colaboradores se reúnem diariamente no setor às 9h e às 14h50.
“O projeto ‘Lean’ trouxe aumento da organização, do engajamento e da otimização do cuidado para diminuirmos a superlotação sem diminuir a qualidade da assistência dos pacientes que passam pela Emergência. Observo muito mais fluidez. Não tenho dúvidas de que o ‘Huddle’ foi um grande diferencial. Deixo meu agradecimento ao apoio da Presidência da FUABC, às Diretorias do hospital, aos consultores do Hospital Sírio-Libanês e a todos os colaboradores do HEMC, principalmente aos que estão diariamente na nossa Emergência”, disse o diretor-geral do HEMC, Dr. Adilson Cavalcante. Por dia, o setor recebe cerca de 64 novos pacientes, com média de 19 internações.
DIAGNÓSTICO
A apresentação dos resultados foi conduzida pela enfermeira do Núcleo de Qualidade do HEMC, Gisele Rabelo de Souza. Na Emergência foram aplicados métodos como Mapa de Fluxo de Valor (VSM), que calcula taxas médias de permanência do paciente no setor. O acompanhamento é feito desde a triagem, medicação, realização de exames até a alta médica ou internação. Em seis meses, a redução da taxa que “não agrega valor ao paciente”, como desperdício de tempo, espera por médicos ou realização de fichas, foi de 20%.
Outro ganho substancial oriundo do projeto foi a criação da profissional chamada de Fluxista, responsável pela visão sistêmica do setor. O papel é desempenhado pela técnica de Enfermagem Vanessa de Oliveira Lima, que possui olhar crítico na gestão de exames e sinaliza às equipes médicas quando os resultados estão prontos, reduzindo o desperdício de tempo. “Faz muita diferença ter um olhar único e crítico na gestão dos exames. Pois é o momento em que a equipe assistencial está centrada apenas no cuidado. O que está pendente? Por que este paciente ainda está aqui? Este é o exercício que essa profissional faz diariamente. O projeto não acabou, os desafios ainda são muitos, mas estamos no caminho certo”, explica a enfermeira.
Considerada uma revolução, a implantação do projeto 5-S também rendeu ganhos expressivos para todo o setor. A metodologia japonesa estipula cinco sensos para uma gestão mais produtiva e organizada: senso de utilização, ordenação, limpeza, padronização, disciplina/autodisciplina. Na Emergência do HEMC, os ambientes passaram por rigorosa reorganização de materiais, medicações, padronização de etiquetas e identificação. De todas as ações propostas pelo projeto, 83% foram concluídas e o restante está em andamento.
Médico consultor do projeto ‘Lean nas Emergências’ do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Gutemberg Lavoisier Cruz considerou a participação do HEMC no projeto um case de sucesso. “Hoje posso dizer que também faço parte do Hospital Estadual Mário Covas. Minhas palavras são de gratidão. Este hospital inspira qualidade. O Huddle, por exemplo, funciona como uma orquestra. É mais do que referência, serve como padrão de qualidade para outros hospitais. É uma honra enorme para nós vermos este espetáculo que apresentaram. O HEMC, que já era conhecido por sua excelência, ficará ainda mais. Me tornei fã e admirador destes profissionais. Parabéns a todos”, disse o consultor.
O evento contou com as participações do diretor técnico do HEMC, Dr. Celso Alexandre de Andrade; da diretora Administrativa-Financeira, Heloísa Molinari; da consultora de governança do Núcleo Estratégico de Governança e Assistência à Saúde da Fundação do ABC, Heather Antoinette Baker; da gerente de Enfermagem do HEMC, Juliana Mazzei Garcia; do supervisor de Enfermagem da Emergência do HEMC, Andson de Jesus Santos; e da consultora do Hospital Sírio-Libanês, Luciana Gimenez.
O PROJETO
O projeto ‘Lean nas Emergências’ é viabilizado por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde. A iniciativa ganhou reforços em 2022 e passou a atuar no modelo colaborativo com a adesão da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, em São Paulo, e do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Até o fim de 2023, a meta é atender até 160 hospitais do sistema público de saúde.
As indicações para participação no projeto acontecem em ciclos, a cada seis meses, e são um consenso entre Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretários de Estado de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS).
Este é o terceiro projeto do Ministério da Saúde em que o HEMC é selecionado para participar. Outros dois já foram concluídos, “Paciente Seguro” e “Saúde em nossas Mãos”.