
O Hospital da Mulher, unidade do Complexo de Saúde de São Bernardo do Campo (CSSBC), promoveu nesta terça-feira (9/12) capacitação voltada ao aprimoramento das condutas assistenciais no atendimento às vítimas de violência sexual, com foco na atualização dos protocolos de Profilaxia Pós-Exposição (PEP). O evento, realizado no anfiteatro do HM, contou com inscrições prévias e teve todas as 70 vagas preenchidas rapidamente, evidenciando o interesse e a necessidade de atualização sobre o tema entre os profissionais da região.
A abertura foi conduzida pela diretora técnica do Hospital da Mulher, Drª Adlin Veduato, que destacou a relevância estratégica da formação para qualificar a linha de cuidado. “Trabalhar com violência sexual exige preparo técnico, sensibilidade e integração entre os serviços. O fortalecimento da rede depende de profissionais atualizados, capazes de acolher com responsabilidade e conduzir cada caso com segurança. Iniciativas como esta reafirmam o compromisso do município com um atendimento humanizado e baseado em evidências”, afirmou.
Após a abertura, a psicóloga e especialista em violência do Departamento de Atenção Básica e Gestão do Cuidado de São Bernardo, Carina Palma de Moura, apresentou diretrizes sobre acolhimento, identificação de suspeitas, condução de situações de sofrimento e fluxos de atendimento. A profissional reforçou a importância da escuta qualificada, a necessidade de evitar abordagens investigativas e o uso de instrumentos padronizados para apoiar o relato espontâneo de crianças e adolescentes.
“A forma como acolhemos uma vítima pode determinar todo o percurso de cuidado. Nosso papel não é investigar, pressionar ou buscar detalhes, mas garantir um ambiente seguro, onde a pessoa possa falar o que quiser e apenas quando estiver pronta. O acolhimento responsável é a base da proteção e da continuidade do tratamento”, destacou.
Na sequência, a médica infectologista Drª Mariliza Henrique da Silva, que atua na Secretaria de Saúde de São Bernardo e nos hospitais da Mulher e de Câncer, apresentou orientações práticas sobre PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV), abordando prevenção do HIV, ISTs e gravidez não desejada. A especialista ressaltou que a janela ideal para início das profilaxias é de até 72 horas após a violência sexual, o que exige que a vítima procure o serviço de saúde o mais rapidamente possível.
“A violência sexual é uma emergência em saúde pública. Quanto mais rápido a vítima chegar ao serviço de referência, maiores são as chances de prevenir infecções e outras consequências. Nosso compromisso é garantir um atendimento humanizado, técnico e imediato, capaz de proteger a vida e reduzir danos”, afirmou.
O evento também contou com a presença da Sociedade Brasileira de DST – Regional São Paulo, representada pela Segunda Vice-Presidente, a médica infectologista Drª Catarina Falares de Almeida, que integra a coordenação das iniciativas regionais no ABC. “Discutir violência sexual e atualização em PEP é absolutamente essencial para quem trabalha com ISTs. As equipes que atuam diretamente nesses atendimentos são a porta de entrada das vítimas, e precisam estar permanentemente capacitadas. A integração entre os sete municípios fortalece toda a rede de cuidado e amplia a capacidade de resposta em situações de alta complexidade”, ressaltou a representante da Sociedade.
O encontro reuniu profissionais do CSSBC, Ambulatórios de Especialidades, Atenção Básica, UPAs de SBC e equipes convidadas dos outros seis municípios do ABC (Diadema, Santo André, São Caetano, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), promovendo integração intermunicipal e compartilhamento de práticas qualificadas. Ao longo da capacitação, foram reforçados os fluxos da rede, protocolos clínicos, condutas psicossociais e orientações para garantir um cuidado eficaz, seguro e humanizado às vítimas de violência sexual.
O Hospital da Mulher é referência para atendimento de vítimas de violência sexual – crianças, adolescentes, mulheres e homens. A unidade realiza acolhimento, avaliação clínica, profilaxias, suporte psicossocial e encaminhamento para acompanhamento contínuo. Caso a vítima busque atendimento em uma UPA, por exemplo, será encaminhada ao Hospital da Mulher para que tenha acesso a todos os serviços disponíveis e indicados.

















