
Pacientes oncológicos internados ou em tratamento no Hospital de Câncer Padre Anchieta, em São Bernardo, passaram a contar com um serviço especializado de Odontologia Hospitalar, que integra a assistência hospitalar de forma inovadora e humanizada. A atuação se dá em parceria com a equipe multiprofissional e tem foco na prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) – como a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) -, além da redução de complicações, menor ocorrência de suspensão das sessões de quimioterapia e maior adesão aos protocolos terapêuticos.
A presença da odontologia dentro do ambiente hospitalar evita que o paciente precise se deslocar para atendimento fora da unidade, o que representa mais segurança, conforto e resolutividade. O cuidado é individualizado e ocorre tanto nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), desde a admissão do paciente, como no atendimento ambulatorial, para pacientes em início de radioterapia ou com quimioterapia em curso. A abordagem preventiva e de suporte clínico tem se mostrado fundamental para evitar interrupções nos tratamentos oncológicos e minimizar efeitos colaterais como mucosite, dor, dificuldade de alimentação e infecções orais.
“A Odontologia Hospitalar contribui para a interdisciplinaridade, reforça o cuidado centrado no paciente e amplia o conhecimento da saúde bucal”, explicou a gerente técnica assistencial do Hospital Anchieta, Tais Zampieri Vassi. “Nossos pacientes são beneficiados com ações de prevenção de infecção e recebem tratamento oportuno. No tratamento oncológico, a odontologia vem contribuindo para a redução na suspensão de sessões de quimioterapia, pois os pacientes continuam se alimentando e têm menos intercorrências durante o tratamento”, completou.
QUALIDADE DE VIDA – A atuação da equipe especializada também se destaca na promoção de qualidade de vida e dignidade ao paciente. A paciente Andreia Leite da Silva, em tratamento oncológico, compartilhou sua experiência. “Fiquei impressionada com o tratamento, porque não sabia que existia esse tipo de cuidado”, afirmou. “Não conseguia engolir nem comer, mas fizeram esse procedimento que me ajudou bastante. Ver que um hospital se preocupa com esses detalhes, de dar dignidade e qualidade de vida, é muito importante. Só quem faz o tratamento de câncer sabe o que é tentar engolir e não conseguir, tentar comer e não conseguir. Isso faz toda a diferença”, concluiu.
RESULTADOS – Desde a implantação, há um ano, o serviço já contabilizou mais de 2.300 atendimentos realizados entre ambulatório e pacientes internados, com os dados consolidados até maio de 2025, sendo 827 atendimentos no ambulatório e 1.497 atendimentos em pacientes internados. Os números incluem admissões, acompanhamentos e terapias específicas como fotobiomodulação, importante no controle da dor e regeneração tecidual em mucosites. Os atendimentos também reduziram a incidência de lesões orais severas, contribuindo para a continuidade dos tratamentos clínicos.
A experiência consolidou-se como uma referência no cuidado multiprofissional oncológico. O projeto foi premiado, recentemente, na 7ª Mostra de Saúde de São Bernardo, no eixo da saúde bucal, com o trabalho “Atuação interdisciplinar entre nutricionista e odontologia para o manejo de sintomas relacionados à terapêutica antineoplásica”. Também teve destaque no 38º Congresso de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, em abril.
O modelo implementado no Hospital Anchieta, idealizado pelas cirurgiãs-dentistas Carolina da Cunha Rosa e Priscila Almeida – ambas especialistas em Odontologia Hospitalar pelo Hospital Israelita Albert Einstein -, reflete o compromisso da rede pública de saúde de São Bernardo com a humanização e a excelência assistencial, especialmente nos casos de maior complexidade clínica.