Muito se fala sobre a hérnia de disco, uma doença relativamente comum no país: segundo o IBGE, mais de 5,4 milhões de brasileiros são afetados. Apesar de ser conhecida, ela é também uma doença que gera muitas dúvidas, principalmente sobre as formas de tratamento. Será que os pacientes realmente precisam de intervenções invasivas?
Segundo o Dr. Marcelo Valadares, médico neurocirurgião da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein, nem todo paciente com hérnia de disco precisa de uma cirurgia de coluna. “Este é um dos problemas mais comuns no consultório. O papel da cirurgia para quem tem hérnia de disco, na verdade, é muito pequeno. A maioria dos pacientes melhoram da dor apenas com medidas paliativas, como o uso de medicamentos”, diz.
O especialista explica que cerca de 9 a cada 10 pacientes com dores causada por hérnias de disco não precisam de cirurgia. “O bom cirurgião sempre leva a intensidade da dor do paciente em conta, há quanto tempo ele está sofrendo com o problema e, também, como a dor interfere em suas atividades diárias”, afirma o médico. “Se os sintomas forem leves e tiverem curta duração, o tratamento jamais será cirúrgico. “O organismo é sábio e capaz de corrigir alterações sozinho, ou com um pequeno auxílio. Em determinados casos, somente a fisioterapia ou uma infiltração são necessários”, complementa o neurocirurgião.
Nos casos cirúrgicos, que são exceções, o Dr. Valadares reforça: se o paciente for bem tratado e bem indicado, provavelmente terá grandes chances de resolver seu problema definitivamente com a cirurgia. “Raramente a cirurgia será a primeira opção. Quando isso acontece, é extremamente raro e relacionado a alterações neurológicas graves. É possível que tentemos tratamentos mais simples antes. Entretanto, quando o problema persiste e a pessoa está, por exemplo, há meses ou até mesmo anos sofrendo com dor, o caso será reavaliado”, retifica.
Sobre o médico
Dr. Marcelo Valadares é médico neurocirurgião e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein.
A Neurocirurgia Funcional é a sua principal área de atuação, sendo que o neurocirurgião trabalha em São Paulo e em Campinas. Seu enfoque de trabalho é voltado às cirurgias de neuromodulação cerebral em distúrbios do movimento, cirurgias menos invasivas de coluna (cirurgia endoscópica da coluna), além de procedimentos que envolvem dor na coluna, dor neurológica cerebral e outros tipos de dor.
O especialista também é fundador e diretor do Grupo de Tratamento de Dor de Campinas, que possui uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos.
No setor público, recriou a divisão de Neurocirurgia Funcional da Unicamp, dando início à esperada cirurgia DBS (Deep Brain Stimulation – Estimulação Cerebral Profunda) naquela instituição. Estabeleceu linhas de pesquisa e abriu o Ambulatório de Atenção à Dor afiliado à Neurologia.