Professor Horário Moya. Foto: Divulgação/FMABC
Professor Horário Moya. Foto: Divulgação/FMABC

O curso de Farmácia do Centro Universitário Saúde ABC / Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) publicou recentemente artigo sobre o Európio (Eu) no periódico científico internacional Journal of Transition Metal Complexes. O Európio é um elemento químico do grupo dos metais lantanídeos e tem entre suas principais características propriedades espectroscópicas e magnéticas, que o tornam valioso na indústria para fabricação de superimãs, telas de tablets, computadores, celulares e painéis solares.

Nas últimas décadas, a ciência tem se interessado em estudar as interações químicas entre o íon azoteto (N3-) e o európio(III), pois íon azoteto é capaz de modular a luminescência dos metais lantanídeos, especialmente európio(III). “Por essa razão, estudos relacionados às características físico-químicas dos compostos aquosos de európio(III) são de grande relevância, pois fornecem informações sobre o comportamento químico desse elemento no sistema biológico e no meio ambiente”, explica o professor titular que Química Analítica da FMABC, Dr. Horacio Dorigan Moya, que conduziu o trabalho conjuntamente com a Dra. Eliana Maria Aricó, docente do Instituto Federal de Ensino, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP).

A partir de equipamentos simples e comumente disponíveis em laboratórios de química, o estudo conseguiu determinar com rigor o valor do grau de formação do composto íon azoteto e európio(III) em solução aquosa. A precisão dos resultados e o baixo custo envolvido no processo foram os grandes diferenciais que chamaram a atenção da revista científica internacional para a publicação.

“Tivemos como base um procedimento matemático padronizado, utilizado para calcular valores do grau de formação de compostos formados entre o íon azoteto e os outros metais lantanídeos. A partir dessa abordagem matemática desenvolvemos um método alternativo adequado e eficaz para determinar o valor de grau de formação entre o íon azoteto e o európio(III)”, detalha o Dr. Horacio Dorigan Moya.

MULTIFUNÇÃO

Pouco abundante no planeta, o Európio é um elemento químico extremamente valioso, utilizado principalmente por suas características luminescentes. O Brasil está entre as nações privilegiadas com diversas reservas minerais, segundo estimativas da agência de Serviços Geológico Norte-Americano (USGS).

Além do uso abundante pela indústria de tecnologia, o elemento também integra o processo de produção da gasolina e é adicionado a alguns tipos de plásticos para a fabricação de lasers. Sua luminescência é valiosa também em aplicações médicas, cirúrgicas e bioquímicas na forma de nanopartículas. As utilizações na área da Saúde geralmente têm natureza diagnóstica, concentradas em compostos fundamentais presentes em sistemas biológicos.

Sob o título “Calculating the equilibrium constants for all monoazide lanthanide complexes in aqueous solution based on the formation of Eu(III)/N3-”, o estudo contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Foi publicado on-line neste ano na revista científica suíça “Journal of Transition Metal Complexes” (volume 3, páginas 1 a 6) e está disponível gratuitamente no site: http://www.bendola.com/journals/JTMC/246094.

O trabalho foi dedicado ao Prof. Dr. Eduardo Fausto de Almeida Neves (1933–2006), que orientou o mestrado do Dr. Horacio Dorigan Moya no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (1990-1993) e destinou boa parte de sua pesquisa ao estudo da formação de metais com o íon azoteto.