Quatro alunas do curso de Farmácia do Centro Universitário Saúde ABC / Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), em Santo André (SP), iniciaram no 2º semestre período de estágio no laboratório de Análises Clínicas do Centro Universitário para auxiliar o processo de análise de coletas de exames de Covid-19. Por dia, o laboratório recebe cerca de 900 amostras das dez cidades com as quais a FMABC mantém convênio, entre elas Santo André, São Bernardo e São Caetano.
O intercâmbio de informações e a oportunidade de ter acesso a novos aprendizados, especialmente em meio à pandemia, foram os principais estímulos para as alunas decidirem ingressar no estágio. Duas delas trabalham no local voluntariamente e outras duas cumprem período de estágio. Estudante do 3º ano, Giovanna Menezes da Silva realizava estágio no Laboratório Multidisciplinar da FMABC e, em agosto, foi realocada para o Laboratório de Análises Clínicas. “Tem sido muito gratificante participar dessa experiência. Todo dia é um aprendizado novo e diferente. Vemos diariamente a chegada de muitas amostras para análise e, às vezes, até ficamos aflitas. Conseguimos enxergar o outro lado do diagnóstico e a importância da prevenção coletiva. É muito preocupante relaxar o isolamento social”, alerta a estudante.
Anna Carolina Blanco Capassi Santos, também aluna do 3º ano da graduação, iniciou em setembro no laboratório como voluntária, por iniciativa própria. Hoje, atua como estagiária. “O mais importante, além dos novos aprendizados, é a sensação de poder ajudar as pessoas. É gratificante fazer parte deste processo”.
Os rígidos protocolos de segurança que devem ser cumpridos para manuseio e análise das amostras chamaram a atenção da aluna Beatriz Colosso Bramante, do 4º ano, que passou pela experiência no mês de outubro. “Apesar de ser uma doença muito contagiosa, que traz algum pânico, me senti muito segura no laboratório em razão de toda a paramentação e as normas impostas. São duas luvas, máscaras e diversos equipamentos para manuseio das análises. Há muita preocupação com o contágio e foi importante ter acesso a esses protocolos. Apesar de todo o contexto, foi ótimo participar dos bastidores. Todos tiveram paciência em ensinar, explicar. É preciso muita responsabilidade e concentração, mas é gostoso ver depois a valorização do seu trabalho”.
Já para Larissa Souza Fortes, do 3º ano, o período foi importante para valorizar ainda mais a profissão do farmacêutico, que também integra a linha de frente de combate à Covid-19 em todo o mundo. “Não são apenas médicos e enfermeiros que se destacam no combate à doença. Muitas vezes se esquecem dos profissionais que estão nos laboratórios fazendo milhares de análises ou criando possíveis vacinas. Além de muito aprendizado, a experiência do estágio nos mostrou uma realidade que, nem sempre, é divulgada na televisão”, conclui a aluna.
Para a vice-coordenadora do curso de Farmácia, Ana Beatriz Ramos de Oliveira Pinn, a evolução técnica e profissional das alunas simboliza uma oportunidade enriquecedora sob diversos aspectos. A expectativa da coordenação do curso é de que novos alunos se interessem pelo intercâmbio profissional. “Mesmo que por curto período tem sido uma oportunidade incrível. Elas integram uma nova e importante realidade. Queremos divulgar esta iniciativa aos alunos da Farmácia para que outros possam se inspirar. No contexto da pandemia, o farmacêutico é peça fundamental do processo, pois participa de todas as etapas de diagnóstico, da medicação, vacinas, entre outras. É um trabalho de formiguinha. Seguramente todas são motivo de orgulho para nós”, disse a docente.
CONVÊNIOS
Em outubro, o Laboratório de Análises Clínicas do Centro Universitário Saúde ABC – FMABC atingiu a marca de 100 mil exames de Covid-19 realizados. Instalada no campus universitário, a unidade deu início em março aos testes para detecção da Covid-19, atuando em parceria com as cidades de São Bernardo e São Caetano. Em abril, o Instituto Adolfo Lutz credenciou o laboratório do ABC, dispensando os resultados de contraprova. Desde então, municípios de diversas partes do Estado passaram a contar com o serviço para suprir a grande demanda por testes. Do total de exames realizados até outubro, cerca de 65% foram do tipo RT-PCR e 35% de sorologia (teste rápido, ELISA e eletroquimioluminescência).
Ao todo, 10 cidades estabeleceram convênios com o Centro Universitário para exames de detecção da Covid-19: Santo André, Ribeirão Pires, Mauá, Cajamar, Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato e Mairiporã, além de São Bernardo e São Caetano. Em julho, o Laboratório de Análises Clínicas também passou a apoiar o Governo do Estado na realização de exames, recebendo parte da demanda centralizada pelo Instituto Adolfo Lutz.