De acordo com um levantamento feito pela Quist Investimentos, empresa especializada em reestruturação de dívidas e assessoramento de reorganização de empresas em dificuldades, o turismo é a área que irá enfrentar mais processos de recuperação judicial e falências por conta dos efeitos da pandemia da Covid-19.
Dentro deste levantamento, o setor foi o que registrou maior queda de faturamento em abril (88,5%) em universo de 10 setores analisados pela Quist, com base em dados do IBGE e indicadores de entidades ligadas à indústria e ao setor de serviços. “A queda foi muito grande e o setor conta com um conjunto grande de médias empresas que vão ter dificuldade para fazer frente a seus compromissos até a indústria retome o ritmo”, diz Douglas Duek, CEO da Quist, que já atuou na recuperação de mais de R﹩ 150 empresas com dívidas de R﹩ 15 bilhões.
Na análise da Quist, as empresas da cadeia do setor aéreo são as segundas colocadas no ranking de probabilidade de vieram a pedir recuperação judicial, com 71,&% de queda no faturamento em abril, setor que é seguido por tecidos, vestuário e calçados (-60,6%), turismo (-54,6%) e serviços de hospedagem e alimentação (-47,7%).
“Mesmo com a retomada gradual experimentada no mês de maio, estes setores tiveram encolhimento muito profundo e terão muita dificuldade de sair ilesos da crise, mesmo que a economia ganhe fôlego nos próximos meses”, diz Duek, que atualmente está à frente de 46 projetos de RJ com dívidas estimadas em mais de R﹩ 5 bilhões.
O levantamento da Quist vê forte impacto da pandemia no setor editorial (43,4% de queda), na fabricação de produtos têxteis (-38,6%), fabricação de móveis (-36,7%), serviços para as famílias (-31,7%) e fabricação de máquinas e equipamentos (-30,8%). “Vamos assistir a uma avalanche de pedidos recuperação nos próximos meses nestes setores, com o prolongamento da crise”, avalia o executivo.
“Muitos empresários ainda estão se preparando para entrar com pedidos de recuperação judicial. Temos recebido um volume excepcionalmente grande de consultas”, diz Douglas Duek. “Muita gente ainda está buscando alternativas para capital de giro, mas a situação deve se agravar com o decorrer do tempo”, finaliza o CEO.