A tradicional comemoração da Páscoa com ovos e bombons de chocolate pode melhorar a proteção de nossa saúde nesta pandemia. Isso porque, estudos da universidade de Harvard mostram que uma das propriedades do chocolate é melhorar a circulação por estimular a produção de ácido nítrico e conter polifenóis que mantém nossas artérias flexíveis, além de baixar o colesterol ruim que forma placas na nossa corrente sanguínea. Os nossos olhos têm artérias mais finais que um fio de cabelo. Por isso os cientistas afirmam que o chocolate do tipo amargo ou meio amargo com, no mínimo, 60% de cacau, faz bem as olhos.
Segundo o oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, isso não quer dizer que você pode exagerar no consumo. ”A diferença entre veneno e remédio é a dose”, salienta. Quatro quadradinhos/dia, ou 70% gramas é o ideal para você incluir o chocolate na alimentação e seu organismo ficar só com a parte boa da iguaria.
O médico destaca que é a concentração mínima de 60% de cacau que garante alta concentração de polifenóis e mantém a flexibilidade das artérias. “Isso faz com que melhora toda a circulação, inclusive da retina” explica. O resultado é a diminuição do risco de DMRI (Degeneração Macular Relacionada à Idade) e das doenças cardiovasculares.
Para se ter ideia do impacto na saúde, Queiroz Neto afirma que hoje a DMRI atinge 3 milhões de brasileiros com mais de 65 anos e é apontada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a maior causa global de cegueira irreversível. O sinal de alerta desta doença é enxergar tortuosidade em linhas retas, salienta. Por isso, para maiores de 65 anos recomenda fazer um teste simples, fixando um olho e depois o outro em uma moldura de porta. Caso enxergue o contorno sinuoso deve procurar um oftalmologista imediatamente. A perda da visão decorrentes da degeneração macular, explica, é causada em 90% dos casos pelo rompimento de neovasos que se formam na retina. A aplicação de laser para secar estes neovasos e de injeções intravítreas pelo oftalmologista podem impedir a cegueira.
Prevenção da catarata
O especialista afirma que o cacau também é rico em flavonoides, um potente antioxidante que combate a formação de radicais livres e adia a formação da catarata, opacificação do cristalino que apesar de ser tratável responde por quase metade da cegueira no Brasil. O nosso organismo, comenta, produz radicais livres o tempo todo. Por isso, não tem como evitar a catarata. Mas se utilizarmos um mecanismo que os elimine, evitamos a degeneração precoce das células. Quando a catarata se forma não existe medicamento que devolva a transparência à lente do olho. O único tratamento é a cirurgia em que o cristalino, lente natural do olho, é substituído por uma lente intraocular para evitar a perda da visão.
Risco de retinopatia diabética cai, diz pesquisa
Queiroz Neto ressalta que o resultado de um estudo italiano realizado na Universidade de L’Aquilia com portadores de diabetes do tipo 2, demonstrou que o consumo de uma barra de chocolate amargo/dia diminuiu em quase 30%. a resistência a insulina desenvolvida pelas células de quem tem a doença. Significa que o alimento também evita a retinopatia diabética em pessoas que já convivem com o diabetes tipo 2 há mais de 10 anos. O sinal da retinopatia é a formação de manchas na visão. Isso acontece devido ao acúmulo de glicemia na corrente sanguínea que obstrui os vasos retinianos e leva à formação de neovasos. O tratamento é similar ao da degeneração macular – aplicação de laser e injeções antiangiogênicas.
O especialista destaca que as diferenças genéticas, de metabolismo, capacidade de absorção e outros fatores faz com que as pessoas reajam de forma diferente a um mesmo alimento. Ainda assim, conclui, a comprovação das propriedades do cacau sugere que o chocolate pode funcionar como um aliado da saúde ocular.