
O ABC Paulista recebeu, nesta segunda-feira (14/07), o Secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento (MDIC), Uallace Moreira Lima, para um encontro estratégico com representantes de prefeituras, universidades, sindicatos, empresários e lideranças regionais. Realizado na sede da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC Paulista, em Santo André, o evento teve como objetivo alinhar estratégias e apresentar o posicionamento regional frente à Nova Indústria Brasil (NIB), política de reindustrialização conduzida pelo Governo Federal.

Com mais de 195 mil empregos na indústria de transformação, cerca de 7 mil estabelecimentos industriais e um PIB industrial estimado em R$ 40 bilhões em 2024, o ABC Paulista é um território estratégico para a implementação da política de reindustrialização. Por conta desse potencial, as propostas regionais apresentadas pelo Fórum da Indústria do ABC estiveram conectadas em todas as seis missões da Nova Indústria Brasil, com foco na capacitação profissional, desenvolvimento de fornecedores locais, atração de investimentos e apoio à transição tecnológica e energética.
No âmbito das cadeias produtivas prioritárias contempladas pela política industrial, a região indica que pretende contribuir com todas as missões da Nova Indústria Brasil, com foco especial nas seguintes cadeias: agricultura de precisão (drones e sensores); máquinas agrícolas e seus componentes; dispositivos médicos; sistemas de propulsão; baterias elétricas; sistemas metroferroviários e suas peças e partes; semicondutores; robôs industriais; produtos e serviços digitais avançados (como plataformas digitais, computação em nuvem e audiovisual); hidrogênio, diesel verde e química verde; além das cadeias de veículos lançadores, radares e satélites.

Entre as demais ações estruturantes sugeridas na pauta regional, destacam-se a realização de oficinas de fomento, a implementação de programas de qualificação e o estímulo a startups industriais. O documento entregue ao MDIC reafirma o compromisso regional com a política industrial nacional e solicita o apoio do Governo Federal para concretizar essas iniciativas.
No campo das pautas setoriais, representantes de diferentes segmentos industriais do ABC também apresentaram demandas específicas. O setor de borracha reivindicou a elevação da alíquota de importação de pneus, como forma de proteção tarifária à indústria nacional, ameaçada pelo avanço das importações. O setor químico, por sua vez, defendeu o reconhecimento oficial do Polo Petroquímico do ABC Paulista em âmbito federal, com a consequente institucionalização de seu Comitê de Governança, ferramenta essencial para o planejamento estratégico e atração de novos investimentos.
No setor de autopeças, a preocupação principal é com a concorrência externa, com o segmento solicitando o aumento das alíquotas de importação para conter o ingresso de produtos subsidiados que afetam a cadeia produtiva local. Já o CIESP Diadema apresentou uma pauta mais ampla, representando a indústria de forma geral. Entre os pontos destacados estão a redução da carga tributária, a diminuição das taxas de juros, a adoção de medidas de proteção contra importações predatórias e o fortalecimento de políticas de apoio à inovação tecnológica.

Durante o encontro, o presidente da Agência e coordenador do Fórum da Indústria do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, propôs a retomada do pacto regional pela indústria, reunindo os diversos setores e instituições em torno de um plano comum de desenvolvimento. A ideia, segundo ele, é recuperar e sistematizar as contribuições já feitas por diferentes atores ao longo dos últimos anos, de modo a convergir esforços sob o guarda-chuva da Nova Indústria Brasil. “Precisamos convergir todas as ações para esse guarda-chuva que vem sendo construído pelo MDIC. Então, quero consultar se podemos convocar, no momento oportuno, todo mundo que está aqui para, de fato, resgatar esse debate e firmarmos um pacto pelo futuro da indústria do ABC”, afirmou.
O secretário Uallace Moreira reforçou que a política industrial só tem sentido se for voltada à geração de empregos, proteção da vida e bem-estar social. Segundo ele, a NIB é um instrumento de desenvolvimento que exige diálogo com os territórios e os setores produtivos, para identificar as melhores medidas e estratégias para inovar, avançar e proteger a indústria nacional. “”A política industrial só faz sentido se for para beneficiar os trabalhadores. Para gerar margem de lucro, não faz sentido. A NIB é uma política para gerar emprego, proteger vidas e desenvolver a sociedade. E, para isso, é necessário diálogo e articulação com os territórios e setores produtivos, como estamos fazendo aqui no Grande ABC”, afirmou.

Representando o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, o prefeito de Rio Grande da Serra, Akira Auriani, destacou o papel estratégico da região na nova matriz industrial brasileira. Para ele, o ABC Paulista combina tradição produtiva com vocações inovadoras e sustentáveis. “Nossa região já está desenvolvendo a indústria do futuro, com startups, centros de pesquisa e iniciativas em áreas como tecnologia e sustentabilidade. Como prefeito de uma cidade com 100% do território em área de manancial, acredito que é possível preservar e crescer ao mesmo tempo. O futuro da indústria brasileira será verde, inteligente e inclusivo, e o ABC Paulista tem tudo para liderar esse caminho”, afirmou.
A atividade também contou com a participação do vice-presidente da Agência, Paulo César da Silva (PC); do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges; do deputado estadual Rômulo Fernandes; e do presidente do CIESP Santo André, Norberto Perrella, além de diversas lideranças institucionais e setoriais da região.