O Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, deu início às operações de sua nova farmácia de preparação de medicamentos antineoplásicos, substâncias utilizadas no tratamento quimioterápico de pacientes com câncer. O serviço, que até então era realizado por uma empresa terceirizada, passa gradualmente a ser feito internamente na unidade hospitalar, gerenciada pela Fundação do ABC em parceria com o Governo do Estado.

A mudança representa um avanço significativo no atendimento aos cerca de 500 pacientes que estão em tratamento com quimioterapia parenteral, ou seja, administrada por via intravenosa (nas veias), subcutânea (sob a pele) e intratecal (diretamente no líquido que envolve o cérebro e a medula espinhal).

Atualmente, o hospital gera uma demanda de cerca de 2 mil preparações desses medicamentos por mês. Por enquanto, apenas uma pequena parcela das preparações está sendo realizada internamente, mas o plano é que toda a produção seja gradualmente transferida para a nova estrutura até o início de 2026.

“Foi feito um grande aporte no setor, com novas geladeiras, nova capela e novo investimento em pessoas. Vamos manipular, cuidar e preparar as medicações quimioterápicas para o tratamento dos nossos pacientes diretamente”, afirma o Dr. Eduardo Grecco, diretor-geral do Hospital Estadual Mário Covas.

A coordenadora de Farmácia do hospital, Alessandra Morais Bitu, explica que esse processo envolve a manipulação personalizada e individualizada. “Cada paciente tem uma superfície corporal e cada preparação tem uma dose diferente. Então, preparamos de acordo com as necessidades individuais”, detalha.

O novo serviço beneficia tanto pacientes internados, adultos e pediátricos, quanto aqueles atendidos no ambulatório, que comparecem ao hospital para receber a medicação e retornam para casa. Além disso, o Hospital Mário Covas mantém parceria com o Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Santo André, fornecendo as preparações para pacientes que fazem a administração da quimioterapia naquela unidade – também gerenciada pela Fundação do ABC.

A internalização do serviço traz benefícios importantes para os pacientes. Um dos principais é a redução no tempo entre a prescrição médica e o início da aplicação do medicamento. Anteriormente, era necessário fazer os pedidos com um dia de antecedência e o transporte desde a empresa terceirizada levava de duas a três horas. Com a produção interna, espera-se uma maior rotatividade das poltronas de medicação, podendo o Hospital atender mais pacientes em menos tempo.

“A gestão de risco desse processo fica na instituição, com maior controle e acesso mais rápido a todas as informações do processo de preparo, como rastreabilidade do medicamento e do manipulador. Facilita a comunicação entre as equipes”, explica Alessandra Bitu. A longo prazo, também se espera uma redução de custos operacionais.

Para garantir a segurança do processo, foram realizadas reformas estruturais e adquiridos equipamentos especializados. Entre eles, duas cabines de segurança biológica classe II B2, que permitem que dois manipuladores trabalhem simultaneamente. A estrutura contou ainda com adequação do piso, aquisição de refrigeradores e sistemas de isolamento específicos para esse tipo de preparação.

O processo de manipulação requer cuidados rigorosos. Todo o material utilizado precisa ser esterilizado na sala de higienização e passar por um pass through, uma espécie de portinhola em que duas portas não podem estar abertas ao mesmo tempo, garantindo o isolamento necessário. Os medicamentos são então manipulados em uma sala controlada.

Para entrar nessa área de manipulação, os profissionais passam pela sala de paramentação, onde higienizam as mãos e vestem avental, máscara, luvas, touca e propé descartáveis. Dentro da sala, as superfícies internas das cabines e os materiais são esterilizados com álcool 70% antes do processo. O preparo consiste em diluir os fármacos dentro de bolsas de soro, seguindo a dosagem específica para cada paciente.

Após a manipulação, o medicamento passa por outro pass through até a sala de dispensação, onde os dados do paciente são conferidos com os do fármaco. A preparação é então colocada em uma embalagem plástica e lacrada, para depois ser acondicionada em cooler e levada ao paciente. A unidade hospitalar fez novas contratações de profissionais para operar a farmácia de antineoplásicos, reforçando o compromisso com a qualidade e segurança no atendimento oncológico.

O Hospital Estadual Mário Covas é gerido pela Fundação do ABC desde sua inauguração, em 2001. A unidade possui 300 leitos e atende aos sete municípios do ABC, beneficiando cerca de 3 milhões de moradores da região. O hospital detém o selo de qualidade Qmentum nível Diamante, o mais alto desta certificação internacional e que atesta a excelência dos serviços prestados.