Certa manhã, o aluno Matheus, de 4 anos, chegou chateado a sua escola, a EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil) Fortunato Ricci, de São Caetano. Havia brigado com um amigo e procurou ajuda da professora Isabel Conti. Ela sugeriu que cantassem juntos uma música que havia composto especialmente para ocasiões como essa: chama-se Acalmar o Coração. “Depois de cantarmos, ele falou sobre o que havia acontecido e eu ofereci algumas ideias para resolver a situação. Ele escolheu a melhor opção e foi conversar com seu amigo”, conta a professora.
Cenas como essa começaram a ficar mais comuns nessa escola municipal de São Caetano, depois que a professora Isabel iniciou um projeto que busca desenvolver a inteligência emocional e estimular a cultura de paz no ambiente escolar. O primeiro passo foi estimular os alunos a identificar as emoções para, então, aprender como lidar com cada uma delas.
A professora conta que o projeto começou com uma leitura do livro “O Monstro das Cores” (escrito e ilustrado pela arte-terapeuta espanhola Anna Llenas), o que despertou o interesse das crianças pelos sentimentos e suas representações. “Após a leitura, criamos os personagens com tecido e, durante as rodas de conversa, discutimos como cada um se sentia e permitimos que falassem o motivo. Essa prática se tornou frequente e, em parceria com as crianças, construímos um grande monstro das cores e preparei a foto de cada uma delas. Toda segunda-feira, ao chegarem, elas colocavam sua foto na cor correspondente ao seu sentimento. Aproveitei essa oportunidade e criei um mural chamado Notícias do Dia. Nele, eu escrevia tudo o que as crianças compartilhavam, e as famílias liam, demonstravam interesse e faziam perguntas aos filhos”, relata.
Com o tempo, a professora foi adicionando ao projeto jogos que envolviam cores, culminando na criação de um tabuleiro chamado “Jogo das Emoções”, utilizando QR Codes. “Por meio do QR Code, o tabuleiro dá acesso às músicas e vídeos gravados por mim e minha auxiliar, Irene Oliveira. Nesta semana, todas as crianças ganharam um jogo, que inclui o tabuleiro, um dado para montar e um “chaveiro de expressão”, semelhante aos emojis das redes sociais.
“A alegria das crianças ao receber o jogo foi contagiante”, comemora Isabel. Segundo a professora, o projeto permitiu que as crianças explorassem suas emoções de forma lúdica e interativa. Além disso, fortaleceu a comunicação entre pais, alunos e educadores, promovendo um ambiente acolhedor e propício para o desenvolvimento emocional. “Foi gratificante ver o impacto positivo que as atividades tiveram nas crianças, despertando nelas uma maior consciência emocional, a expressão saudável dos sentimentos e a capacidade de lidar com desafios emocionais com mais leveza. A presença dos pais na escola e seu engajamento nas discussões sobre as emoções das crianças reforçaram a parceria entre a escola e a família, fortalecendo os laços e o senso de comunidade. Os pais puderam acompanhar de perto o progresso emocional de seus filhos e fornecer suporte adicional quando necessário”, conclui Isabel.