O infectologista Pedro Moreira Folegatti, formado em 2009 pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), em Santo André, é o principal pesquisador do estudo que está sendo realizado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, sobre uma das mais promissoras vacinas contra a Covid-19. O artigo foi publicado pela revista The Lancet.
Folegatti é paulista, tem 34 anos, atualmente é líder clínico dos estudos do imunizante e responsável por coordenar o acompanhamento de cerca de 10 mil voluntários. O infectologista se especializou no desenvolvimento de vacinas para doenças emergentes após seis anos morando na Inglaterra.
“Minha formação toda foi no Brasil. Me formei em 2009 na Faculdade de Medicina do ABC e fiz residência em infectologia no Instituto Emílio Ribas. Trabalhei em diversos hospitais em São Paulo até setembro de 2014, quando me mudei para o Reino Unido para fazer um mestrado em saúde pública na London School of Hygiene and Tropical Medicine. Quando eu concluí o programa de mestrado, em 2016, surgiu a oportunidade de trabalhar para o Jenner Institute (da Universidade de Oxford) para um programa de influenza. Já estou aqui há quatro anos. Antes da pesquisa do coronavírus começar, a gente estava trabalhando com uma vacina parecida para a MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio, também causada por um coronavírus) e calhou de os resultados terem sido publicados na mesma época, quando as coisas começaram a explodir”, revela o especialista.
Em janeiro, muito antes da pandemia atingir o mundo, Folegatti e outros especialistas já havim a iniciado uma pesquisa sobre a potencial vacina contra a COVID-19, após publicação por parte dos chineses do sequenciamento genético do novo coronavírus. Os preparativos para os ensaios clínicos começaram no início de fevereiro. Desde então, a equipe tem trabalhado constantemente nos experimentos.
Ainda de acordo com o infectologista, a vacina é baseada num adenovírus (causador de resfriado) de chimpanzé, que é incapaz de se reproduzir dentro do corpo. Os cientistas, então, trocam esses genes por outros genes que vão levar proteínas de quaisquer outros vírus ou patógenos para onde se quer gerar proteção. No caso da Covid-19, são trocados os genes de replicação do adenovírus por genes que vão codificar proteínas da superfície do coronavírus atual. “A grande vantagem de usar essa plataforma é que a gente consegue produzir a vacina mais rápido utilizando o mesmo molde e trocando só o antígeno, que é o pedaço que a gente espera que vá induzir uma resposta imune”, explica o especialista.
Para fazer com que os resultados sobre a vacina cheguem mais rápido, o trabalho dos pesquisadores tem sido árduo.
A íntegra do estudo pode ser acessada pelo link: https://is.gd/KWfcdQ (com informações do jornal O Estado de São Paulo).